Por: Gabriela Gallo

BC reduz taxa de juros para 11,25% ao ano

Decisão mais prudente do BC garante mais previsibilidade para o mercado e para decisões futuras | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 11,75% para 11,25% ao ano, uma redução de 0,5 ponto percentual. O Copom definiu a taxa nesta quarta-feira (31), primeira reunião do ano. Este é o menor registro da taxa Selic em dois anos e a quinta redução consecutiva da taxa básica de juros, que começou em agosto do ano passado.

Ao Correio da Manhã, a professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, afirmou que “a redução sinaliza uma trajetória de queda da taxa Selic, ou seja, uma política monetária de expansão”.

“Isso é realmente um ganho para os empresários, um ganho para o governo, na medida em que você começa a reduzir o custo do dinheiro. Então, a expectativa de você finalizar o ano com um dígito de taxa Selic, dá uma sinalização, uma trajetória de queda da taxa de juros, de queda do custo do dinheiro. Sinaliza uma melhora da atividade econômica e até uma sinalização positiva para o PIB [Produto Interno Bruto] para o final do ano”, explicou a economista.

A reportagem também conversou com o economista Roberto Luis Troster, que enfatizou que “quanto mais baixa for a taxa de juros, mais barato é o custo do dinheiro para os bancos, mais barato eles emprestam dinheiro”.

“Quanto mais barato for o crédito, mais consumo haverá e mais investimento”, completou. Ou seja, maior aquecimento da economia.

Previsível?

Pouco antes do banco anunciar a nova taxa Selic, a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann (PR), porém, criticou a decisão do banco, alegando que a redução não é suficiente. “Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir pra valer a indecente taxa de juros. Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez, como antecipam a mídia e o mercado, é muito pouco. Tá na hora do BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento”, escreveu a parlamentar em suas redes sociais.

Para economistas ouvidos pelo Correio, no entanto, o BC teria tomado a melhor decisão em reduzir a taxa em 0,5%. O doutor em economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Newton Marques explicou que o Banco Central até poderia reduzir mais a taxa de juros, mas o Copom, com base no modelo de metas de inflação, “não tenta surpreender o mercado financeiro porque isso pode criar ganhos e perdas em vários setores, o que é muito ruim porque cria uma volatilidade nos negócios”.

“Caso o Banco Central não conseguisse reduzir a inflação, ele teria que se justificar ao Ministro da Fazenda que prestaria contas ao presidente da República e esse teria que prestar contas ao Congresso, para mostrar a razão de não ter conseguido esse objetivo. Em resumo, uma redução da taxa básica de juros não importa se é 0,5 ou se é um ponto percentual. O que importa é que vem acontecendo essa redução e isso sinaliza ao mercado que existe nova possibilidade de redução daqui a 40 dias”, explicou Newton Marques.

Credibilidade

O economista Benito Salomão ainda reforçou que, como o BC já tinha anunciado que a taxa Selic seria esta, não poderia apresentar surpresas para não perder a credibilidade, já que “o regime de metas de inflação se sustenta em cima da credibilidade da autoridade monetária”.

“O regime de metas de inflação funciona da seguinte maneira: o governo estabelece uma meta pré-anunciada, é divulga essa meta para o público e o Banco Central, que tem autonomia operacional, vai mover o seu instrumento de política, que é a taxa de juros, visando perseguir essa meta que o próprio governo anunciou. Então, para que esse regime funcione bem, as pessoas precisam acreditar na meta e acreditar no Banco Central, acreditar na política monetária”, detalhou o economista.

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