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Terror argentino surpreende com violência explícita

Terror argentino aposta no gore e abre mão do moralismo exacerbado do terror atual | Foto: Reprodução

Por Pedro Sobreiro

Chega aos cinemas nesta quinta-feira o terror argentino 'O Mal Que Nos Habita'. Dirigido por Demián Rugna, o longa é fantástico!

A trama se passa no interior da Argentina, onde dois irmãos vivem de forma pacata numa pequena propriedade. Porém, um cadáver aparece dilacerado nas terras e eles logo descobrem que há uma pessoa possuída na região. Após a polícia afirmar que não vai fazer nada, ele decidem se livrar do corpo do 'possuído' e acabam liberando um demônio que vai segui-los até o fim enquanto tentam salvar suas famílias.

Existe no cinema de terror mainstream atual uma tendência dos diretores flertarem com a mente instável de seus protagonistas para criar uma dúvida no público: 'existe algo sobrenatural acontecendo ou esse personagem só é muito perturbado?'. Neste longa, porém, Rugna assume desde o princípio que existe uma possessão demoníaca acontecendo. E isso é excelente, porque ajuda a construir a tensão sabendo da falta de escrúpulos da criatura que salta de corpo em corpo, deixando um rastro de assassinatos brutais por onde passa.

Em tempos de tantos terrores moralistas, Demián Rugna decide romper com as vítimas tradicionais dos filmes de terror ocidentais e coloca no caminho da criatura personagens extremamente diversos, como uma criança muito novinha, um menino com autismo e até mesmo uma simpática idosa. É brutal ver como a direção introduz cada personagem de forma simples e eficiente, fazendo com que o público se importe com eles, enquanto o protagonista, tão cego pela vontade de escapar do demônio, coloca seus entes amados em risco a todo momento, ao se negar a aceitar certas convenções e 'instruções'.

Mais do que isso, o filme parte do abandono como ponto de partida, principalmente o estatal, já que os personagens são lançados à própria sorte quando as autoridades se ausentam de suas obrigações. Paralelamente a isso, o protagonista, Pedro, é um homem abandonado por família, esposa e filhos, que tenta recuperar quem já amou um dia, enquanto os põe em perigo sem perceber.

E a direção não se apoia nos famosos 'jump scares' para criar o terror. O longa traz violência gráfica, com corpos mutilados e muito sangue, com momentos de violência extremamente realistas e traumatizantes.

É um filmaço de terror da nova geração e mais uma prova da potência do cinema sul-americano.

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