Por Luciano Trindade (Folhapress)
A menos de seis meses para o início dos Jogos Olímpicos de Paris, o objetivo do COB (Comitê Olímpico do Brasil) de obter um novo recorde de medalhas sofreu um abalo com os fracassos da seleção masculina de futebol e da equipe feminina de basquete nas disputas por vagas olímpicas.
Sem as duas seleções, o comitê já admite que se tornou mais difícil superar as 21 medalhas conquistadas nos Jogos de Tóquio (sete ouros, seis pratas e oito bronzes), que fizeram o país fechar o megaevento com a sua melhor participação na história, em 12º no quadro geral de medalhas.
"O trabalho foi desenvolvido para que novamente haja uma evolução da participação brasileira nos Jogos Olímpicos. No entanto, sabemos como o esporte lida com fatores aleatórios e da dificuldade de se repetir o excelente resultado alcançado em Tóquio 2020", disse o presidente do COB, Paulo Wanderley.
Embora seja cauteloso ao reduzir a expectativa para Paris, o dirigente cita, ainda, que além do objetivo de ter uma melhora no desempenho neste ano, o comitê também já trabalha pensando nas próximas edições dos Jogos Olímpicos.
"O objetivo do COB é buscar sempre uma evolução nos resultados mais imediatos", disse o dirigente. "Mas também já pensando em Los Angeles 2028 e Brisbane 2032", acrescentou.
Antes das disputas do pré-olímpico de futebol masculino e do pré-olímpico de basquete feminino, Wanderley afirmou em diversas oportunidades que a meta era um novo recorde já em Paris. A postura mudou com eliminações inesperadas.
Nos gramados, os homens perderam para a Argentina, por 1 a 0, na última rodada do quadrangular final do pré-olímpico, impedindo o país de lutar pelo terceiro ouro consecutivo.
Embora não seja rara na história das Olimpíadas, a ausência dos atuais bicampeões olímpicos reforçou a lista de vexames provocados pela desordem institucional na CBF.
A seleção feminina de basquete, por sua vez, repetiu a decepção ocorrida no último ciclo olímpico, para os Jogos de Tóquio, quando ficou fora do megaevento pela primeira vez desde sua estreia, em 1992.
Prata nos Jogos de Atlanta-1996 e bronze nos Jogos de Sydney-2000, a equipe verde e amarela disputou o pré-olímpico no Brasil, em Belém, mas não conseguiu conquistar nenhuma vitória contra Austrália, Sérvia ou Alemanha, que ficaram com as três vagas em disputa para as quatro seleções envolvidas.
Por enquanto, o Brasil tem cinco equipes de diferentes modalidades já classificadas para a Olimpíada de Paris, sendo quatro femininas (vôlei, handebol, rúgbi e futebol) e apenas uma masculina, de vôlei.
Os homens ainda podem conquistar vagas no basquete, no handebol, no rúgbi e também no basquete 3x3, modalidade que estreou em Tóquio sem a participação de brasileiros e que é a única em que as mulheres do Brasil ainda podem alcançar mais uma vaga coletiva.
Ao todo, a delegação brasileira teve sete equipes na última Olimpíada e duas delas trouxeram medalhas, o futebol masculino (ouro) e o vôlei feminino (prata).
Disputas abertas
Dona de três medalhas olímpicas, todas de bronze (Londres-1948, Roma-1960 e Tóquio-1964), a seleção masculina de basquete vai disputar em julho o Torneio Qualificatório Olímpico em busca da vaga.
A competição, a ser realizada em quatro sedes - Valência (Espanha), Pireus (Grécia), Riga (Letônia) e San Juan (Porto Rico) -, vai reunir 24 países e definirá quatro vagas.
Em seu grupo, o Brasil enfrentará Camarões e Montenegro. Se ficar em primeiro ou em segundo nesse grupo, poderá encarar Letônia, que jogará em casa, Geórgia ou Filipinas.