Prevenção ao derrame pode atenuar chance de demência

Falta de hábitos saudáveis é um dos principais fatores do AVC

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AVC é mais comum em pessoas acima de 60 anos, mas jovens estão tendo com mais frequência depois da pandemia

Uma pesquisa recente realizada no Canadá, envolvendo 15 milhões de vítimas de Acidente Vascular Cerebral isquêmico e hemorrágico, revelou uma conexão preocupante entre a condição e o desenvolvimento de demência. Os resultados indicaram que as chances de uma pessoa desenvolver demência aumentam em 80% após um AVC, sendo até três vezes maior durante o primeiro ano após o evento. Os resultados da pesquisa serão apresentados na Conferência Internacional da Associação Americana de AVC de 2024. O neurocirurgião Orlando Maia explica melhor sobre o assunto e reforça a importância de intervenções precoces e preventivas para mitigar os impactos devastadores do AVC na saúde cerebral.

O acidente vascular cerebral é mais comum em pessoas com idade acima de 60 anos, porém o índice de pessoas com menos de 45 anos e jovens sofrendo com a doença aumentou depois da pandemia. O médico relata que um dos principais causadores de problemas é a falta de hábitos saudáveis. A alimentação não saudável, casos de diabetes , hipertensão e sedentarismo, estão relacionados ao acidente vascular cerebral. Além disso, altos níveis de estresse também estão ligados ao acidente vascular, já que ele faz aumentar a pressão. O médico ainda ressalta que em um derrame podem morrer 1.9 milhões de neurônios por minuto, sem uma intervenção adequada. Então, quanto maior o tempo de resgate menos chances de sequelas aquela pessoa terá. A morte dos neurônios é uma das causas para o aumento das chances de desenvolvimento de demência, já que podem existir diferentes razões para o aparecimento do quadro.

Entre os fatores que aumentam as chances de ter um AVC estão: hipertensão, diabetes, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, alcoolismo, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas e histórico familiar. Além desses, a desidratação também é um fator que aumenta muito as chances de desencadear o problema. Segundo Orlando, o calor aumenta os riscos do acidente vascular, por causa da desidratação. Pois, quanto menos água se tem no organismo, mais devagar o sangue vai passar pelos vasos sanguíneos e isso aumenta as chances do sangue coagular. A coagulação aumenta os riscos de derrame, infarto e entre outros problemas.

O neurocirurgião também enfatiza a importância de adotar hábitos de vida saudáveis como uma medida fundamental na prevenção do AVC. As medidas indicadas por ele são: controlar a pressão arterial, os níveis de açúcar no sangue, manter uma alimentação saudável, controle de peso, prática de exercícios regulares, gerenciamento do estresse e garantir um sono de qualidade.

No Brasil, as estatísticas fornecidas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde - DATASUS revelam um quadro preocupante, com 99.010 mortes registradas em 2020 devido ao AVC, abrangendo uma variedade de formas da doença. Além disso, o Sistema Único de Saúde relatou 164.200 internações por AVC em 2021, destacando a gravidade e a frequência dessa condição no país. A demência também é um grande problema enfrentado no Brasil, de acordo com estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), é estimado que em 2050 o número de pessoas com demência chegue à 5,5 milhões.

Segundo um estudo da Comissão da Revista Científica Lancet Neurology em parceria com a World Stroke Organization (WSO), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode causar quase 10 milhões de mortes. Essa alarmante estatística ressalta a urgência de abordar e prevenir o AVC, não apenas como uma questão de saúde pública, mas também como um meio eficaz de reduzir os riscos de demência.

Visto que o derrame e a demência são problemas que afetam grande parte da população, somente através da melhora dos hábitos, a disseminação da informação e um movimento para que o acesso à saúde, tanto mental quanto física chegue ao maior número de pessoas, que será possível a diminuição de casos de derrame, demência, entre outras doenças e condições.