Por: Yasmim Grijó

Abril Laranja alerta sobre maus-tratos contra animais

Guilherme Mayorga, médico veterinário na CliniPet em Petrópolis | Foto: Divulgação

Por Yasmim Grijó

Conscientizar é essencial para prevenir casos de maus-tratos aos animais. Por isso, com o mês Abril Laranja visa tratar do tema com mais seriedade e sensibilização. A campanha nasceu nos Estados Unidos em 2006, para alertar a sociedade sobre as necessidades básicas dos pets, como alimentação adequada, abrigo e cuidados veterinários, além de promover a empatia pelos animais.

Mesmo com tantos movimentos de conscientização, a situação é preocupante. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que em 2022, foram 252 registros de crueldade contra animais e maus-tratos contra animais silvestres, ou seja, a cada dois dias um animal é vítima de um crime. Os cachorros foram os mais mencionados nos registros de ocorrência (174 vezes), seguido pelos gatos (47) e aves (23). Ao todo, foram citadas 11 espécies diferentes. Os maiores agressores foram os próprios tutores (68,7%) e a residência foi o local de maior ocorrência, com 54% do total. Cerca da metade dos animais foram resgatados de alguma forma.

É importante destacar que a Lei 14.064/2020 aumentou a pena para quem maltratar cães e gatos. Desde então quem cometer esse crime será punido com 2 a 5 anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Caso o crime resulte na morte do animal, a pena pode ser aumentada em até 1/3.

O médico veterinário, Guilherme Mayorga, explica que o Abril Laranja é o mês que separamos para lembrarmos a importância da conscientização da sociedade sobre a crueldade animal e nos esforços para prevenir e combater os maus tratos. "Infelizmente, ainda existem muitos casos de abusos físicos e negligência, portanto, precisamos persistir na educação contínua e sensibilização das pessoas para promover um ambiente mais seguro e justo para os animais.

Guilherme também é um dos fundadores da CliniPet em Petrópolis, e afirma que eles recebem regularmente casos de animais vítimas de maus tratos e negligência, principalmente os 'semidomiciliados' ou que vivem nas ruas. "Embora seja uma realidade triste, é crucial nos mobilizarmos e oferecermos cuidados veterinários adequados a esses animais. Lembro-me do caso da paciente Gisele, completamente descuidada. A tutora do animal chegou ao atendimento com ela infestada por larvas, dentro de um saco preto fechado, pedindo a eutanásia, sem realizar qualquer exame. Foi necessário contatar as autoridades para garantir que medidas fossem tomadas contra a responsável", reforça.

O especialista destaca que existem diversos tipos de maus-tratos, incluindo a negligência, abandono, agressão física, privação de alimentação, entre outros. "Como médico, vejo a negligência como um dos tipos mais recorrentes, pois muitas vezes os animais são deixados sem os cuidados necessários para a sua saúde e bem-estar", relata.

Conscientização e ações

A educação e conscientização pública desempenham um papel fundamental na prevenção dos maus-tratos aos animais. "Essa discussão precisa acontecer com programas de educação nas escolas, ações de conscientização em espaços públicos e mídias sociais, além de incentivar a denúncia de casos suspeitos de abuso animal às autoridades competentes. É muito importante que a lei seja rigorosamente aplicada para responsabilizar aqueles que maltratam os animais. Isso envolve a implementação efetiva das leis já existentes e a criação de novas que visam proteger os direitos dos animais e garantir punições adequadas para os infratores", ressalta o veterinário.

Adaptação de pets que sofreram abuso

Para os animais sobreviventes aos maus tratos, pode haver uma segunda chance de encontrar quem cuide deles. Uma possibilidade de ter amor, carinho e, principalmente, proteção. Segundo Guilherme, os tutores que adotam animais que passaram por abusos devem oferecer um ambiente seguro, amoroso e paciente.

"Animais abandonados podem sofrer alterações no comportamento, portanto, a paciência e a atenção são fundamentais para ajudar o animal a se recuperar fisicamente e emocionalmente. Além disso, buscar orientação de um médico veterinário pode ser útil para lidar com possíveis traumas e ajudar a se adaptar à nova vida de forma leve e positiva", finaliza. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.