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Havana exibe marcas de sua história em meio a sinais de modernidade e abertura econômica

Cidade exibe marcas de sua história em meio a sinais de modernidade e abertura econômica | Foto: Luiz Felipe Silva (Folhapress)

Por Luiz Felipe Silva (Folhapress)

Principal porta de entrada para Cuba, o aeroporto internacional José Martí já prepara o espírito do forasteiro para o que ele vai encontrar em Havana, a capital da ilha.

Inaugurado em 1930 e ampliado em 1998, o aeroporto apresenta, na arquitetura e na decoração, as marcas de quase um século de atividades, que contrastam com painéis de publicidade de artigos de luxo e de produtos eletrônicos.

A capital cubana, hoje, é formada a partir de contradições profundas: não há riqueza, mas também não há miséria; a economia é estatizada, mas há lojas de grifes como Gucci, Armani e Versace.

No meio disso, corre um fluxo alucinado de gente de vários países em 2018, foram 4,7 milhões de visitantes, número recorde, que alimenta o turismo e o comércio local.

É assim que Havana completou, neste dia 16 de novembro, 500 anos.

Até o dia 29 deste mês, a cidade será tomada por eventos e atividades. Haverá desde feira de investimentos até festival de música local, celebrações gastronômicas e apresentações esportivas.

No dia do aniversário, o presidente Miguel Díaz-Canel recebeu personalidades para a festa Gran Gala 500, realizada no Capitólio.

A data celebra os cinco séculos em que a cidade está instalada em sua atual localização, mas a primeira versão de Havana é cinco anos mais antiga. Eusébio Leal Spengler, historiador especializado na capital cubana, explica que a primeira organização havaneira se assentou, em 1514, na parte sul da ilha, nas proximidades da foz do rio Mayabeque.

Em 1519, para atender aos interesses econômicos e estratégicos do reino espanhol, o acampamento migrou para o norte e se fixou nos arredores da maior baía da região.

Àquele momento, o recém fixado vilarejo se chamava San Cristóbal de la Habana. A homenagem a São Cristóvão se deu devido à fama do santo de protetor dos navegantes e viajantes. Rapidamente, ali se instalou um grande porto, importante elo de ligação entre Novo Mundo e Europa.

Para o termo Havana há várias hipóteses: uma delas afirma que poderia se referir à palavra jabana, do idioma dos povos taínos, que significa grande planície; outra liga à palavra abana, da língua dos aruacos, que designa a lenda da índia Guara. Contudo, afirma o professor Leal Spengler, a tese mais provável é a que relaciona com o nome do então líder dos povos nativos de etnia taína, o cacique Habaguanex.

A localização estratégica para navegações impulsionou o surgimento e o crescimento da Havana colonial, embora com percalços. Em 1555, a cidade foi dominada por uma invasão pirata. A ação durou pouco, mas rendeu reações da coroa espanhola.

O Castelo da Força Real (hoje aberto para visitação turística) ficou pronto em 1558 e três anos depois o reino ordenou que o porto havaneiro concentraria todas as embarcações que chegassem e saíssem das Américas.

Em 1563, Havana passou a ser residência oficial do governador de Cuba e centro da política local.

Nos séculos seguintes, o desenvolvimento mercantil e capitalista fez crescer o número de navegações no porto de Havana, matou quase que por completo as nações nativas e levou milhares de africanos escravizados à ilha. O primeiro Censo cubano, de 1774, informa 171.670 habitantes, sendo 44.333 escravos negros.

Cuba foi o penúltimo país americano a abolir a escravidão, em 1886, perde somente para o Brasil, em 1888.

E, assim como no Brasil, a cultura africana se faz presente em Cuba: na comida, na arte e na religião, principalmente, além, claro, da composição étnica dos quase 11,2 milhões de cidadãos cubanos; 2,4 milhões deles, havaneiros. De acordo com o mais recente Censo nacional, de 2012, 36% da população é negra (soma de pretos e pardos).

No fim do século 19, eclode a Guerra de Independência Cubana, liderada por José Martí. No ano de 1899, Havana recebe a entrada do chefe das tropas de independência, Máximo Gómez, e sua população celebra a vitória junto ao exército imagem que se repetiria seis décadas depois.

Em 1º de janeiro de 1959, os cidadãos foram às ruas para receber dois dos líderes da Revolução Cubana: Che Guevara e Camilo Cienfuegos, após derrotarem o governo de Fulgencio Batista na batalha de Santa Clara, tomam o controle do país. Fidel Castro, que entre 1976 e 2008 assumiu a cadeira principal do Palacio de la Revolución, chegou a Havana uma semana depois.

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