Por:

Dona do Outback estuda vender a marca no Brasil após prejuízo

Bloomin Brands estuda vender a marca ou abrir sociedade para manter restaurantes no Brasil | Foto: Divulgação

Por Guilherme Cosenza

Uma das mais famosas e fortes redes de restaurante, o Outback, está vendo o lado negativo de seu negócio no Brasil. A rede ganhou extrema notoriedade e conseguiu superar toda a concorrência ao criar um novo modelo de negócios. A rede trouxe seu estilo australiano de alimentação para dentro do Brasil e conseguiu encantar consumidores dos mais diversos estilos e idades desde sua chegada em 1993. Atualmente, o Outback possui 159 unidades espalhadas pelo país.

Para se ter uma ideia, o restaurante ficou extremamente famoso por suas filas lotadas pelos consumidores ávidos por experimentar e saborear a famosa "Ribs On The Barbie", a costela suína com molho barbacue. Isso fez com que muitas unidades fossem abertas em todos os locais do país desde shoppings até restaurantes de rua. Um crescimento que parecia não ter erro e que acabou. inclusive, sendo copiado por muitos outros restaurantes que passaram a comercializar pratos parecidos com o do Outback.

Aliás, com o sucesso, a Bloomin Brands, dona da rede, trouxe também a rede de restaurantes italianos Abraccio e mais recentemente a Aussie Grill, rede especializada na comercialização de pratos a base de frango. O somatório de todos os restaurantes chega ao total de 190 unidades.

Contudo a Bloomin Brands está avaliando a possibilidade de vender as operações no Brasil. Na realidade, a ideia de venda nasceu esse ano, após a empresa não conseguir encontrar sócios no país para gerir o dia a dia da empresa. A abertura para uma tentativa de manter a administração e colocar um sócio gestor vinha sendo tentada desde 2022. Porém, com a falta de ofertas, a Bloomin incluiu a ideia de uma possível venda da rede no país.

O conselho de administradores do grupo contratou o Bank Of America para um serviço de consultoria financeira visando o auxilio do banco para ajudar o conselho administrativo para conseguir maximizar os lucros da melhor maneira possível e trazer mais valor aos seus acionistas. Até mesmo fundos de investimentos foram procurados para tentar entrar no processo. Entretanto o histórico das grandes redes no Brasil, ainda mais após o caso da South Rock que viu tendo a necessidade de fechar todas suas unidades da cafeteria Starbucks, que seguia o mesmo mote de sucesso do Outback, acabou fazendo com que muitos fundos de investimentos não conseguissem ver como sedutor uma possível compra da rede. Atualmente a ZAMP, atual dona dos restaurantes Fast-Food Burger King e do Popeyes, estuda o negócio para a possível compra das operações da Starbucks.

Por outro lado, a Bloomin faz questão de salientar que a venda do Outback não resultaria no fechamento de fato dos restaurantes da empresa. A operação brasileira do Outback, na verdade, é a segunda mais importante do mundo para a empresa, atrás apenas dos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa. Em 2023, o resultado das operações internacionais da rede foi de US$ 84 milhões (cerca de R$ 432 milhões), e o Brasil teve uma grande parcela nisso: as lojas brasileiras do Outback respondem por 87% do faturamento internacional.

Porém, embora o lucro tenha sido alto ele não configura uma evolução no dinheiro da empresa. Entre janeiro e março deste ano, a receita global teve uma queda de 4%, e foi de pouco menos de US$ 1,2 bilhão (ou R$ 6 bilhões). Entre as razões para a queda, a rede destacou vendas mais baixas em nível mundial e fechamento de restaurantes. Nas lojas brasileiras, o recuo foi de 0,7% nas vendas do Outback. Com tudo isso em conta, a Bloomin registrou um prejuízo de US$ 83,9 milhões (R$ 432 milhões) no primeiro trimestre, contra um lucro de US$ 91,3 milhões no mesmo período do ano passado (R$ 470 milhões).

Venda sem pressa e sem fechar lojas

O que a Bloomin estuda é se a venda do controle do Outback no Brasil poderia trazer um fôlego financeiro para a companhia em um momento de crise onde o cenário não apresenta, até o momento, possíveis melhoras. Entretanto, a empresa afirma que nada está definido ainda e que informou que estuda as possibilidades do negócio e que não há prazo para que se tome uma decisão definitiva sobre os trâmites. Porém, a companhia descarta a hipótese de retirar a marca do país. Uma vez que a receita dos restaurantes, mesmo menores, ainda é uma das maneiras de lucro da companhia. Porém, caso consiga concretizar alguma parceria, a Bloomin passaria de líder da operação para um esquema de licenciamento.

Mas caso a decisão da empresa seja de fato pela venda do controle da marca no país, outras empresas ou fundos precisam mostrar interesse em adquirir o negócio, para que comece todo o processo de diligência para poder ter um novo dono. A mudança no entanto poderá ser também um meio de uma nova empresa tomar conta e trazer um atendimento melhorado com um novo perfil na rede de restaurantes que começou sua operação de uma maneira a encantar seus clientes e com o tempo foi perdendo essa forma de tratamento.

Além disso, com a compra ou com uma possível parceria, a rede precisará rever seus conceitos e serviços para voltar a vender como antes e conseguir conquistar novamente o lucro que fez com que o Brasil se transformasse de fato como um dos países principais da marca.