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'Missão Salto' desembarcará em complexo nuclear

Angra 1 fica em complexo nuclear na Costa Verde | Foto: Divulgação Eletronuclear

Da Redação

Ainda em 2024, de 4 a 13 de junho, a Usina Angra 1, na região da Costa Verde, no Estado do Rio de Janeiro, receberá a "Missão Sslto" da Agência Internacional de Energia Atômica, denominada Safety Aspects of Long Term Operation. A fianlidade da missão fazer uma avaliação global de segurança que aborda diretamente a estratégia e os elementos-chave para uma operação estendida (LTO) segura das centrais nucleares.

São abrangidas áreas como organização das atividades de gestão do envelhecimento e LTO, definição do escopo, programas da planta e programa de ações corretivas, gestão do envelhecimento de ESC mecânicos, elétricos e de I&C e de estruturas civis e gestão de recursos humanos, entre outros. A "Salto "foi precedida de três missões anteriores preparatórias: a primeira em 2013, a segunda em 2018 e a terceira em 2022.

Sucessivas avaliações

Em 2023, por exemplo, a Eletronuclear submeteu 16 relatórios ao órgão regulador, contendo, entre outras coisas, avaliações aos fatores de segurança definidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A partir deles, a Cnen emitiu 166 exigências, que foram analisadas e respondidas pela equipe técnica da Eletronuclear com suporte da empresa Amazul em abril deste ano.

Com base nisto, a empresa realizou a revisão da terceira e última Reavaliação Periódica de Segurança (RPS) antes do fim da vigência atual da usina - 23 de dezembro de 2024. O documento foi apresentado inicialmente à Cnen em dezembro de 2023.

Trata-se da documentação produzida pela empresa a cada dez anos para assegurar que a usina continue operando com segurança e confiabilidade. Dessa vez, o material obteve foco no processo chamado de "Long Term Operation (LTO)" - em português Operação de Longo Prazo.

Entre os itens analisados neste documento, estão o desempenho de segurança, planejamento de emergência e impacto radiológico no meio ambiente, sistema de gerenciamento e cultura de segurança, qualificação de equipamentos e o uso da experiência de outras usinas.

Processo americano

Além deste método de avaliação, a Eletronuclear também utiliza o processo americano chamado de License Renewal Aplication (LRA), administrado pela Nuclear Regulatory Commission (NRC) para demonstrar a capacidade de Angra 1 em operar por mais duas décadas.

"O processo de negociação com o órgão deve se estender até o final deste ano para finalizar essas etapas. Mas a empresa está preparada e segue tendo diálogo constante com a Cnen. Estamos conseguindo demonstrar que Angra 1 poderá continuar operando com eficiência e segurança", aponta José Augusto do Amaral, superintendente de Engenharia de Apoio à Operação e responsável pela LTO.

Dívida bilionária

Em meio a luta para renovar a licença de Angra 1, a Eletronuclear está negociando um empréstimo-ponte (mútuo) de cerca de 800 milhões de reais em condições de mercado com os seus principais acionistas (ENBPar e Eletrobras) para financiar os investimentos já realizados em 2024 e aqueles ainda previstos no ano em curso.

Entretanto, seria uma solução a curto prazo para garantir a extensão da vida útil de Angra 1, enquanto a empresa negocia o financiamento efetivo com o banco norte-americano Eximbank dos aportes necessários até 2028 para finalizar a modernização da usina.

Primeira usina nuclear do Brasil

Angra 1 entrou em operação comercial em 1985 e enfrentou problemas com alguns equipamentos que prejudicaram o seu funcionamento. Essas questões foram sanadas em meados da década de 1990, fazendo com que a unidade passasse a operar com padrões de desempenho compatíveis com a prática internacional.

Em 2023, Angra 1 gerou 4,78 milhões de MWh. O fator de carga (Load Factor) - que representa a energia elétrica líquida realmente entregue ao Sistema Interligado Nacional dividida pela capacidade de Angra 1 - dos últimos 5 anos é de 88,24%. Ou seja, é como se a usina tivesse operado 322 dias por ano em sua capacidade máxima.

A primeira usina nuclear foi adquirida da empresa americana Westinghouse sob a forma de "turn key", como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por parte dos fornecedores.