Por: Ana Paula Marques

De Ushuaia ao Alasca: rota ambiental das Américas

A Jornada ESG em um ponto da Patagônia argentina | Foto: Truman Stakeholders/Jornada ESG

Serão 50 mil km terrestres pelas Américas para desbravar as diferentes iniciativas sustentáveis e negócios de impacto. Do extremo sul da cidade de Ushuaia, na Argentina, ao extremo norte do Alasca, nos Estados Unidos da América, o objetivo do Idealizador brasileiro Marcel Guariglia é desmistificar a agenda Environmental, Social and Governance, conhecida pela sigla ESG. Traduzindo para o português, são as iniciativas comprometidas com meio ambiente, o social e a governança no campo empresarial.

Serão 228 dias de expedição, percorrendo 18 países em carro em uma jornada, nas palavras de Marcel, para levar uma abordagem dos aspectos ambientais, sociais e de governança e também de inovação, de forma mais próxima do público em geral. “Estamos falando de empreendedores, novos empreendedores, de estudantes e também executivos da área”, explica.

É a forma que Marcel achou para compartilhar conhecimento. Produtor de conteúdo audiovisual há 22 anos, Marcel teve a ideia para a Jornada ESG a partir de um estudo aprofundado sobre os principais desafios da sustentabilidade e tendências globais. Com uma dedicação de quatro anos, o idealizador agora pretende levar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, para mostrar a relação que o ESG tem com o mercado de capitais.

Pelo Brasil

Somente no Brasil, serão percorridos aproximadamente 15 mil km em 70 dias. O primeiro contato em solo canarinho foi em Pelotas, no Rio Grande do Sul. A equipe que com Marcel leva a discussão de uma agenda verde passou pela cidade aproximadamente 15 dias antes de acontecer a catástrofe que assola o Sul. Assim que a jornada chegou no estado de São Paulo, entenderam a necessidade de falar sobre o meio ambiente.

“Lá estivermos com especialistas da ONU e entendemos o quanto vinha sendo alertadas essas catástrofes, há alguns anos. Então, por lá, focamos em uma conversa sobre a resiliência climática e mudanças climáticas. A partir dai, estamos tratando de forma bem abrangente na nossa edição as questões do clima. É essa a principal ideia da jornada: construir um caminho para a discussão do meio ambiente”, declarou Marcel Guariglia.

Do Rio Grande do Sul, a jornada percorreu por São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas Gerais. Agora, a rota verde de Marcel passará pela Bahia, Sergipe, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, e só depois parte para o país vizinho, a Bolívia.

Em casa estado, a jornada foca em um tema. No Rio de Janeiro, por exemplo, a expedição foi até as comunidades levando a conscientização do combate à pobreza. No Espírito Santo, conheceu de perto as ações realizadas no projeto Voz da Natureza, que atua na conservação da diversidade biológica e sociocultural e o Instituto Água Viva.

Pelas Américas

Do Brasil, a expedição segue pela Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, para compartilhar iniciativas dedicadas ao desenvolvimento social, preservação da cultura ancestral, povos originários e relações com a preservação ambiental.

Segundo a jornada, na América Central serão abordados temas ligados aos desafios ambientais do canal do Panamá, leis ambientais na Costa Rica, um dos países mais sustentáveis do mundo, além de iniciativas voltadas para os desafios sociais na Nicarágua e Honduras, a chegada da moeda bitcoin em El Salvador e questões socioambientais da Guatemala e de Belize.

“O objetivo é conectar soluções inovadoras e sustentáveis, trocar ideias, conhecimento e experiências práticas, além de encorajar empresas, empreendedores, organizações governamentais e ONGs a direcionar esforços para a Agenda 2030 da ONU. A jornada é um resultado de uma grande curadoria e parcerias estratégicas, diversas iniciativas que irá conectar soluções ambientais, sociais e de governança com o mercado e empresas que acreditam na agenda ESG”, avalia Guariglia

Macaque in the trees
Marcel Guariglia em frente ao carro que percorrerá 50 mil km | Foto: Truman Stakeholders/Jornada ESG

Documentário

Ao pisar os pés nas terras frias do Alasca, Guariglia pretende usar toda a expedição e seus achados para dar vida a um documentário para, nas palavras do idealizador, ampliar a consciência e também engajar nas organizações o conhecimento que a jornada irá adquirir no seu percurso. “Quando começamos a expedição, tínhamos um único proposito, o de disseminar o conhecimento, mas cada iniciativa, cada negócio de impacto, nosso propósito se amplia tanto para fortalecer esses negócios, quanto para levar os aspectos de governar, de manter o meio ambiente, se conectar com grandes atores da sociedade”, disse.

Idealizador

Para Marcel Guariglia, um assunto que preocupa e mobiliza o país pela solidariedade, poderia ser evitado se o ESG fosse mais presente no cotidiano. “O que está acontecendo no Rio Grande do Sul é um exemplo de que se a sociedade fosse um pouco mais consciente dos impactos e riscos que podem correr, talvez tivéssemos outro tipo de infraestrutura para conter e resguardar toda essa água, toda essa chuva. Estamos falando também de impacto econômico, e esse vai demorar anos para se restabelecer”, disse.

Marcel sempre atuou na criação de projetos e estratégias de marketing. Há alguns anos, ele começou a se interessar pelo que existia por trás da estratégia e qual era a base de valores para a construção da cultura nas empresas, bem como a formação de líderes e gestores.
Nessa época, aprofundou seus estudos sobre gestão estratégica em sustentabilidade e ESG, desenvolvendo projetos que se conectassem com negócios de impacto positivo, iniciativas sustentáveis e aceleração de metas ambientais e sociais. Assim, deu início à criação da Jornada ESG.