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Inteligência Artificial agora nos semáforos do Rio

A cidade tem cinco cruzamentos, dois deles na zona sul, operando por inteligência artificial do Google | Foto: Eduardo Anizelli/ Folhapress

Cruzamentos de ruas do Rio de Janeiro estão sendo operados com auxílio de inteligência artificial do Google. O projeto Green Light começou na capital fluminense em novembro do ano passado, após dois anos de testes.

Tendências de tráfego que aparecem no Google Maps, ferramenta do Google que mostra o trânsito em tempo real, são usadas como informações para sincronizar os semáforos.

Parte dos semáforos das cidades é operada por sistemas eletrônicos, com cabos metálicos presos à sinalização que detectam, através de corrente elétrica, a passagem dos veículos. Outra parte funciona com sistema de identificação por vídeo. Nesse caso, sensores nas câmeras identificam o fluxo.

O comportamento do trânsito, identificado por circuitos eletrônicos ou por softwares de vídeo, é usado pelos engenheiros para programar quanto tempo o sinal fica no vermelho.

O sistema do Google não usa sensores ou câmeras instaladas, mas informações do Google Maps. O programa reúne dados de GPS de celulares para informar aos usuários, em tempo real, as tendências de tráfego.

Com os dados do Google Maps — como programação dos sinais de trânsito, horários de pico e hábitos dos motoristas, como tempo de frenagem e aceleração —, o sistema Green Light cria um modelo para cada cruzamento. Se uma rua aparece no Google Maps com trânsito congestionado de cinco em cinco minutos, a inteligência artificial do Google entende que ali há um gargalo criado pelo sinal e calcula um ajuste na programação do semáforo.

Essas recomendações são fornecidas aos engenheiros de tráfego municipais.

A intenção do Green Light é diminuir o tempo de parada dos veículos e, com isso, reduzir as emissões de carbono. Na prática, a ferramenta aumenta o tempo em que os semáforos permanecem no verde.

O Green Light está em fase de implementação em Campinas, no interior de São Paulo, em parceria com a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas). O Google possui um formulário em que autoridades municipais podem se inscrever na lista de espera para participar do projeto.

"Sem o Green Light, as cidades precisam instalar sensores de custos elevados ou realizar contagens manuais de veículos para reprogramar os semáforos", afirmou o Google, em nota.

O auxílio da inteligência artificial da empresa, contudo, é limitado a apenas cinco cruzamentos do Rio de Janeiro. A cidade tem mais de 12 mil intercessões e travessias com sinais de trânsito, e cerca de 3.800 pontos com câmeras usadas para verificar o trânsito.

Na zona sul, o Green Light opera nos cruzamentos entre as avenidas Atlântica e Prado Júnior, em Copacabana, e na intercessão das ruas Embaixador Carlos Taylor, Marquês de São Vicente e Vice-Governador Rúbens Berardo, na Gávea.

A Atlântica, em Copacabana, aparece entre as dez vias com mais acidentes de trânsito entre 2018 e 2021 na cidade, de acordo com um estudo de segurança viária da prefeitura.

Na zona norte, o Green Light está no cruzamento da avenida Amaro Cavalcanti com a rua Adolfo Bergamini, no Engenho de Dentro. E na zona oeste, opera no cruzamento entre a estrada do Monteiro e a rua Esculápio, em Campo Grande, e entre a avenida Otávio Malta e estrada do Engenho D'Água, no Anil.

A CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio), responsável pela gestão do trânsito na cidade, afirmou que nos cruzamentos operados pelo Green Light o tempo médio de espera dos motoristas reduziu em torno de 10%.

"São pequenos ajustes na programação semafórica das interseções, sugeridas tanto pelo time do Google, como pelos técnicos da CET-Rio, analisando locais considerados mais críticos", disse a companhia.

O Google prevê que a ferramenta tem potencial para reduzir as paradas de veículos em até 30%, e as emissões de carbono nos cruzamentos em até 10%.

O Rio foi o primeiro município da América Latina a receber o projeto, que está presente em outras 13 cidades do mundo. A lista inclui Hamburgo (na Alemanha), Budapeste (Hungria), Manchester (Reino Unido) e Seattle (Estados Unidos).

Em paralelo ao Green Light, o COR (Centro de Operações Rio), central da prefeitura responsável pelo monitoramento da cidade, vai receber investimento de R$ 29 milhões para projetos de implementação de inteligência artificial. Do total, R$ 5 milhões vão ser usados para testar uma rede de semáforos inteligentes.

O aporte foi anunciado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no fim de maio.

Em meio aos testes de inteligência artificial nos cruzamentos, o 1746, canal da Prefeitura do Rio que concentra as solicitações de serviços, recebeu 4.688 pedidos de reparo de sinal de trânsito apagado de janeiro a maio deste ano.

Em todo o ano de 2023 foram 13.703 reclamações do tipo. Parte dos sinais apagados, segundo a prefeitura, é resultado do furto de cabos.

Por Yuri Eiras (Folhapress)