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Fraudes em impostos na produção de combustível em SP podem ter migrado para outros estados

Empresário Mohamad Hussein Mourad teria o controle de mais de 50 postos de combustíveis e outras empresas através de 'laranjas', segundo investigações | Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por Redação

O grupo econômico ligado à distribuidora Economy - do qual fazem parte a Copape e a Aster Petróleo - ganhou a mídia nacional na noite de domingo, dia 20, com reportagem exibida no Fantástico, mostrando uma emaranhada estrutura que inclui desde a sonegações bilionárias de impostos até a adulteração de combustível. Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas estimou um prejuízo de R$ 30 bilhões por ano no setor.

A Economy se instalou em Volta Redonda-RJ, há pouco menos de dois meses, em meio a uma batalha judicial. A empresa começou a operar por meio de uma liminar, concedida pela 1ª Vara Cível de Volta Redonda e o governo estadual acatou a decisão, concedendo a licença. O julgamento do agravo de instrumento está marcado para amanhã, dia 23, e a liminar pode ser derrubada.

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Economy consegue licença de instalação por meio de uma liminar que pode cair nesta quarta-feira, dia 23 | Foto: CSF

A Economy também é alvo de investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e teria destinado R$ 1,5 milhão para a Copape. O sócio-administrador a empresa em Volta Redonda, sul do interior do Rio de Janeiro, é Paulo Leoni Colaco, morador de Curitiba-PR, onde tem mais duas empresas de transporte de cargas perigosas.

Réu em lavagem de dinheiro

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Mohamad é réu por lavagem de dinheiro | Foto: Reprodução TV/Globo

O programa mostrou ainda que os empresários Mohamad Hussein Mourad e Renato Camargo foram tornados réus pela Justiça de Guarulhos, na Grande São Paulo, por lavagem de dinheiro. O Fantástico revelou ainda que as polícias investigam uma possível ligação dele com o PCC, uma organização criminosa.

De acordo com a reportagem, o dinheiro obtido nas fraudes ia para contas mantidas por pessoas ligadas a Mohamad. Uma delas é Silvana Correa, companheira de Mohamad, que movimentou mais de R$ 210 milhões em seis anos.

Segundo a investigação da polícia, em 2020 Mohamad comprou as empresas Copape e Aster Petróleo, desembolsando R$ 52 milhões. A Copape produz gasolina a partir da mistura de derivados de petróleo. Já a Aster vende o combustível. Detalhe: o produto base para o combustível era importado por outra empresa, a Terra Nova Trading, com filial no Tocantins, "mas que de acordo com a polícia atuava como um braço da Copape."

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Silvana Correa, companheira de Mohamad, movimentou mais de R$ 210 milhões em seis anos | Foto: Reprodução TV Globo

Migração para outros estados

A linha de investigação agora checa se o esquema está migrando para outros estados e aperta o cerco contra o grupo econômico. A Secretaria de Fazenda de São Paulo, por exemplo, autuou a Copape por irregularidades fiscais. Uma das multas é da ordem de R$ 2 bilhões, enquanto a Aster teve a licença de operação revogada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Além disso, a Secretaria de Fazenda proibiu a Aster de vender combustíveis.

Outro dado alarmante é que as duas empresas estão registradas em um mesmo endereço, em Guarulhos, onde a equipe do Fantástico esteve. Os seguranças inicialmente disseram que a Aster e a Copape funcionaram ali. Depois, não souberam dizer ao certo o que funcionava no endereço.

De explosão à falta de licença

Mohamad Hussein Mourad tem duas denúncias no MP-SP. Na primeira ele foi citado em uma investigação da explosão de um posto de gasolina na Zona Norte de São Paulo, que deixou cinco pessoas feridas. Na ocasião, foi descoberto que a licença de funcionamento do posto estava vencida. E um ano antes, ocorreu um acidente em outro posto ligado a Mourad.

Na segunda denúncia, Mohamad é citado como a pessoa que controlava mais de 50 postos e outras empresas do setor, em nome de "laranjas". E nesses postos ele praticava diferentes tipos de fraude - em 2018, ele já respondia na Justiça por falsidade ideológica e fraude em bombas de combustível.

Respostas dos envolvidos

O programa divulvou a posição de cada um dos citados. As empresas Copape e Aster declararam que não têm relação com os fatos apurados pelo MP-SP. Disseram ainda que reafirmam a licitude de suas operações e reforçam a lisura e boa reputação de seus nomes.

A defesa de Silvana Correa disse que todas as operações financeiras dela têm lastro, origem e destino e a de Mohamad Mourad declarou que a acusação do MP-SP é decorrente de suposições precipitadas e será esclarecida no curso do processo.

A Terra nova declarou que, em 30 anos, a empresa sempre atuou em estrito cumprimento da legislação; que não possui qualquer vinculação com a Copape ou qualquer organização criminosa. E que, como prestadora de serviços de importações, não possui competência e tampouco controle da gestão interna de seus clientes.

*Com informações do Portal G1