Suplementação de vitamina D traz benefícios importantes

Especialistas abordaram o tema no Congresso Internacional de Obesidade

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Suplementação empírica tem um possível benefício na prevenção de infecções respiratórias agudas

As diretrizes da Endocrine Society sobre a suplementação e dosagem de vitamina D foram atualizadas. O documento mostra que a dosagem de 25 hidroxivitamina D para a população em geral não foi recomendada, além de não ser necessário dosar a vitamina no sangue para a reposição em paciente que apresenta algum risco para uma deficiência. A mudança da recomendação foi reforçada por especialistas durante o Congresso Internacional de Obesidade (ICO2024), realizado nos dias 26 a 29 de junho, em São Paulo. 

No geral, não há indicação de dosagem rotineira de vitamina D em pessoas sem comorbidades (doenças). Nos indivíduos saudáveis, de 1 a 18 anos, a orientação é que os médicos realizem a suplementação empírica, que é feita sem a necessidade de exames de dosagem. 

"Alguns grupos foram definidos como aqueles que precisam usar uma dose um pouco maior de vitamina D do que as tabelas nutricionais para ter benefícios, como a prevenção de doenças em pessoas de 1 a 18 anos. Nesta faixa etária foi observada que a suplementação empírica de vitamina D tem um possível benefício na prevenção de infecções respiratórias agudas, especialmente as infecções virais, e na prevenção do raquitismo, que é uma doença óssea grave. Em geral, com uma dose de 400 a 1200 mil unidades por dia", destaca a endocrinologista clínica Marise Lazaretti Castro, chefe do Ambulatório de Doenças Osteometabólicas e Fragilidades Ósseas da Universidade de São Paulo (UNIFESP) e participante da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). 

Idosos, gestantes e pré-diabéticos

A médica, que é a única investigadora brasileira que participou da elaboração da nova diretriz, explicou que pessoas de outras faixas etárias também têm benefícios com a suplementação empírica, como os idosos. 

A partir de 75 anos, nos indivíduos saudáveis, recomenda-se a suplementação empírica oral de vitamina D em doses que variaram nos estudos entre 400 e 3.300UI por dia, com uma média de 900 UI/dia (além das 800 UI/dia recomendadas pelas tabelas nutricionais). Estudos apontam para uma redução da mortalidade geral nessa faixa etária. 

Especificamente nas gestantes, a vitamina D pode reduzir a probabilidade de diversas complicações durante a gestação, como parto prematuro, pré-eclâmpsia e bebê com baixo peso ao nascer. Nesse caso, a recomendação é uma suplementação oral, em média, de 2500 UI ou 63 microgramas por dia para reduzir a ocorrência de pré-eclâmpsia, mortalidade intrauterina, nascimento prematuro e mortalidade neonatal. 

Já nos pré-diabéticos, as evidências científicas mostraram que a vitamina D retardou o aparecimento do diabetes tipo 2. A indicação é de suplementação empírica de 3500 unidades ou 25 microgramas de vitamina D diária oral que, aliada à adoção de hábitos mais saudáveis - como a prática regular de exercícios físicos - consegue reduzir o risco de progressão para diabetes tipo 2. 

"Para as demais faixas etárias, os especialistas indicam a manutenção das doses recomendadas pelas tabelas nutricionais, que variam entre 600 e 800 unidades por dia. O mais importante é selecionar os indivíduos pelos riscos de deficiência. Uma pessoa que pratica regularmente atividades ao ar livre, por exemplo, não necessita de suplementação de vitamina D. Somente os indivíduos que ficam por muito tempo em ambientes fechados, não têm oportunidades de tomar sol no dia a dia, além de associados a quadros com obesidade, com pele mais escura e viverem mais distantes da linha do Equador têm mais chances de ter deficiência. Os médicos devem privilegiar doses diárias e baixas de vitaminas D ao invés de doses altas com intervalos maiores", esclarece a endocrinologista Marise Lazaretti Castro.