* Por Paulo Saldana e Isabella Palhares
Os dados do Ideb 2023 mostram um cenário desafiador para os anos finais do ensino fundamental, etapa que engloba o período entre o 6º e 9º ano. Mais da metade dos municípios conseguiu melhorar seus indicadores, mas somente um quarto bateu no ano passado as metas estipuladas para 2021.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é calculado, a cada dois anos, a partir de dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação de matemática e português, o Saeb. A edição de 2023 foi divulgada nesta quarta-feira (14).
Entenda o Ideb, índice que mede a qualidade da educação no Brasil Três etapas da educação básica têm o indicador calculado: anos iniciais (com provas aplicadas para alunos do 5º ano) e finais (9º ano) do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio.
O Ideb foi criado em 2007 com metas por escolas, redes e para país até 2021. O indicador deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto a atual gestão Lula (PT) não construíram um novo modelo.
Dessa forma, o indicador foi divulgado sem metas para este ano. O governo manteve como referências as metas de 2021, última edição.
No ano passado, o país tinha nos anos finais do ensino fundamental 11,6 milhões de alunos, sendo 5,1 milhões matriculados em escolas de redes ligadas às prefeituras (44% do total). É a maior participação, uma vez 39,5% estão em escolas estaduais e o restante, em privadas.
Das 3.195 redes municipais que oferecem anos finais e tiveram o Ideb calculado, somente 24% conseguiram chegar em 2024 a um indicador que atinge as suas próprias metas estipuladas para 2021. Esse percentual representa 762 escolas -por outro lado, 2.433 escolas (76%) ficaram abaixo do nível esperado.
Meta prevista
Essa análise leva em conta a meta prevista para cada escola, estipulada pelo governo a partir da sua própria realidade. Especialistas indicam que esse tipo de leitura é importante por acompanhar a melhoria da unidade com relação a ela mesma.
O número de escolas que tiveram alta no Ideb em 2023 é maior. Chega a 1.641 unidades municipais de anos finais, o que representa 56% das escolas analisadas (que tiveram Ideb divulgado em 2023 e em 2019).
A reportagem não comparou com os dados de 2021 por causa de distorções no indicador na época (durante a pandemia, redes de ensino não reprovaram alunos, o que impacta no cálculo).
Alagoas, o melhor desempenho
O município com melhor desempenho do Ideb nos anos finais foi Santana de Mundaú (AL), com média de 9,3 no Ideb. Na sequência, aparece Pires Ferreira (CE), com média de 9,2 nos anos finais. O Ceará tem 12 municípios entre os 20 melhores do país no Ideb dos anos finais, considerando apenas redes municipais.
Na média, os anos finais de toda rede pública do país ficou com um Ideb de 4,7, também abaixo da meta de 2021, que era de 5,2.
A situação é mais vantajosa nos anos iniciais. Dos 5.241 municípios com Ideb divulgado em 2023 para essa etapa, 48% conseguiram bater a meta de 2021. Isso representa 2.532 escolas. Ainda assim, mais da metade (52%) não bateu a meta. São 2.709 escolas nessa situação.
Das 5.409 escolas municipais com Ideb calculado em 2019 e 2023, 52% subiram entre os dois anos. São 2.620 escolas com esse comportamento.
O desempenho das escolas particulares do Brasil ficou estagnado, e elas não conseguiram atingir as metas de aprendizado em nenhuma das etapas da educação básica, segundo os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023.
Ainda assim, rede privada continua com resultados superiores aos da rede pública em todas as etapas avaliadas.
Entenda o Ideb, índice que mede a qualidade da educação no Brasil Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (14) pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e Manuel Palácio, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pelos indicadores educacionais.
*Folhapress