Festival CoMA 2024 promove música e reflexão social

Evento em Brasília destaca diversidade musical e questões de sustentabilidade

Por Mayariane Castro

Inclusão, diversidade cultural e sustentabilidade ambiental em discussão no CoMA

O Festival CoMA 2024, que começou em Brasília no dia 3 e termina no dia 11 de agosto, destaca-se como um importante evento de música, cultura e reflexão social. Realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) desde 2017, o festival integra o plano Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), focando em inclusão, acessibilidade, diversidade e sustentabilidade. O Correio da Manhã esteve no coquetel de apresentação do festival deste ano.

A programação inclui shows de artistas emergentes e consagrados nos jardins do CCBB Brasília, enquanto a Conferência CoMA, de 6 a 9 de agosto, promove debates e palestras sobre temas como cultura, sustentabilidade, negócios e tendências no mercado musical. Durante o evento, são disponibilizados conteúdos educativos e manuais de sustentabilidade para fornecedores e operações de alimentação, além da capacitação das equipes de produção. Em 2022, por exemplo, o CoMA ficou marcado pelo último show de Gal Costa em Brasília e um dos últimos da sua carreira. Gal Costa faleceu em novembro de 2022. Este ano, os destaques são as apresentações de Alceu Valença e Criolo.

A 7ª edição do festival se destaca pela diversidade musical e pela reflexão sobre a relação entre cultura e mercado do entretenimento. O evento também promove um intercâmbio significativo entre artistas emergentes e profissionais experientes do setor musical. Em 2023, o Festival CoMA se integrou ao movimento "Brasília é de Festivais", ressaltando seu impacto no turismo e na economia local.

Direitos por cultura

A conferência do Festival CoMA 2024 enfatiza a transformação social e humana, com destaque para a importância da sustentabilidade, saúde mental, inovação tecnológica e diversidade. O painel de abertura, "Quais são os percursos que ainda precisamos traçar para nossa transformação individual e coletiva?", contaria inicialmente com a presença da ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara e da escritora Claudia Werneck. Guajajara é conhecida por sua luta pelos direitos dos povos indígenas e pela sustentabilidade, enquanto Claudia Werneck é renomada por sua atuação na inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência.

Diante do conflito agrário entre fazendeiros e indígenas em Mato Grosso do Sul, a ministra Sonia Guajajara não pode estar presente na abertura da Conferência CoMA. Enviou como representante a secretária nacional de Articulação e Promoção dos Direitos Indígenas, Juma Xipaia.

Xipaia destacou na palestra que a cultura pode ser utilizada como um mecanismo de privação de direitos das pessoas. O exemplo dado foi contextualizado com a colonização do Brasil em 1500, onde os jesuítas portugueses catequizaram os indígenas sem consentimento. Ela deu ênfase na privação de direitos, na ameaça e na monopolização dos povos originários no Brasil para a imposição de uma cultura e de uma língua que não fazia parte da sociedade.

“A defesa dos territórios indígenas não é somente para os nossos rituais, a nossa cultura, ou pela terra como posse. É para mostrar que a gente continua existindo, e essa existência está com base no respeito e de entender que também estamos acima da terra. Em suma, esse sentimento de pertencimento não vem apenas da territorialidade, mas a gente entende que não é a terra, mas é o nosso corpo e nosso povo que merece ser respeitado. A cultura branca precisa entender de onde a gente veio e onde estamos, pisando e existindo acima da terra”, destacou.

Acessibilidade

A programação inclui tradução em libras, áudio-descrição e materiais em braile para garantir a inclusão de pessoas com deficiência visual e auditiva. O piso adaptado para cadeirantes e a distribuição de fones de ouvido para pessoas autistas são outras iniciativas que visam garantir a acessibilidade.

Além disso, o festival oferece entrada gratuita para pessoas com deficiência (PCDs) e seus acompanhantes, desde que a solicitação seja feita antecipadamente à produção do evento. Esta medida visa facilitar o acesso ao evento para todos, independentemente das suas necessidades específicas.

Para facilitar o acesso ao festival, o CoMA disponibiliza transporte gratuito entre o Museu Nacional e o CCBB Brasília durante todos os dias de programação. Os ônibus, que realizarão múltiplas viagens ao longo do dia, têm o objetivo de assegurar que o público possa aproveitar as atrações do festival de forma prática, sem preocupações com deslocamento.

Sustentabilidade

O festival explica que existe um forte compromisso com a sustentabilidade. A cooperativa de catadores responsável pela triagem de resíduos visa desviar pelo menos 90% dos materiais do aterro sanitário. Entre as medidas implementadas, estão o uso de eco copos e mobiliário feito com material reutilizável. O festival também adota práticas de coleta seletiva e destinação adequada de resíduos, além de incentivar o descarte de lixo eletrônico para reciclagem.

Além disso, o festival oferece conteúdos educativos sobre sustentabilidade para fornecedores e operações de alimentação, e capacita suas equipes de produção para garantir um atendimento humanizado, com foco especial na segurança e conforto do público feminino. A equidade de gênero é incentivada com a contratação de mulheres para cargos de liderança. O acesso ao Festival CoMA é disponibilizado a preços populares, promovendo a democratização da arte e da cultura.