Doenças cardíacas matam uma pessoa a cada 90 segundos no país
Principais nomes da cardiologia nacional debatem os avanços em tratamento e diagnóstico em Congresso no Rio
Entre os dias 15 e 17 de agosto, o Rio de Janeiro vai receber a terceira edição do Congresso Internacional de Cardiologia da Rede D'Or, no Hotel Windsor Oceanico, na Barra da Tijuca. O evento vai ter a presença de mais de 60 cardiologistas e convidados internacionais que apresentarão as principais novidades em diagnóstico e tratamento de doenças cardíacas, além de discutir casos clínicos desafiadores na atualidade.
Doenças que mais matam no mundo, os problemas cardiovasculares devem levar 400 mil brasileiros a óbito ao longo de 2024 segundo dados Sociedade Brasileira de Cardiologia. A média é de uma morte a cada 90 segundos. Os números preocupam a diretora de Cardiologia da Rede D'Or, Olga Souza, que alerta é preciso ter mais atenção com doenças como síndrome coronariana, arritmias cardíacas e valvopatias, insuficiência cardíaca que, muitas vezes, na fase inicial, não apresentam sintomas, mas são as principais causas do elevado número de mortes. Em entrevista, a diretora conta as expectativas para a terceira edição do congresso e aponta alguns dos principais destaques que serão apresentados.
As doenças cardíacas são as que mais matam no mundo. Somente no Brasil, são estimadas 400 mil mortes este ano. Qual é a razão de números tão preocupantes?
É uma conjunção de fatores. Você tem o envelhecimento da polução, que aumenta a chance de desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, o mundo passa por uma epidemia de obesidade, o que aumenta o risco da incidência de doenças como diabete e hipertensão, que também afetam a saúde do coração. Até mesmo a rotina acelerada do dia a dia contribui para aumentar o risco de desenvolvermos problemas cardíacos.
Tem se notado o aumento de diagnósticos de doenças mentais, por exemplo, a ansiedade. Essas doenças podem facilitar o surgimento de problemas cardíacos?
Sim, é uma correlação comprovada. Estresse e ansiedade, por exemplo, são os grandes responsáveis por provocar casos de hipertensão, condição relatada em 40% das mortes cardiovasculares no Brasil. O estresse aumenta a produção de cortisol e adrenalina e aumentando a pressão arterial. É importante as pessoas entenderem que nosso corpo funciona em sintonia e, quando uma parte está desregulada, as consequências são gerais. Cuidar da saúde mental também é uma forma de controlar a saúde cardiovascular.
Você acha que precisamos intensificar os esforços na prevenção de doenças cardíacas?
O foco deve ser sempre a prevenção, principalmente para aqueles que possuem histórico de problemas cardiovasculares na família. Devemos insistir na importância de praticar atividades físicas regulares, seguir uma alimentação saudável e manter o peso sob controle, além do cuidado com a saúde mental. O autocuidado é o principal aliado para combater qualquer risco de surgimento de doenças cardíacas, e a população precisa estar ciente disso.
Quais são suas expectativas para a terceira edição do Congresso Internacional de Cardiologia?
Esse evento é sempre uma ótima oportunidade para reunir profissionais gabaritados dos principais centros do país para compartilhar conhecimento e informação. O objetivo é seguir ampliando nossos horizontes acadêmicos e clínicos e explorar os avanços mais recentes na cardiologia. É um evento gratuito onde todos irão viver novas experiências e estabelecer conexões duradouras com colegas do mundo todo enquanto atualizam seus conhecimentos, expõe seus projetos e discutem novas ideias.
Pela primeira vez será realizado o Simpósio de Cardiometabolismo. O que o público pode esperar dessa parte do evento?
A estreia do simpósio será no primeiro dia de evento (15). Os palestrantes irão detalhar fatores que envolvem a síndrome metabólica, como hipertensão arterial e colesterol alterado, por exemplo, que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardíacas. Citaremos a esteatose hepática, doença que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no fígado e tem sido diagnóstico frequente nas emergências hospitalares. Teremos a presença de nefrologistas, endocrinologistas, radiologistas e cardiologistas para tratarem sobre obesidade e suas complicações.
O impacto de tratamentos oncológicos na saúde do coração é outro tema que vai estar presente na programação. Há uma necessidade do paciente oncológico ter o acompanhamento de um cardiologista?
No sábado (17), teremos uma sala inteira dedicada a cardio-oncologia, apresentando um panorama geral de correlação entre essas duas áreas de estudo. Existem, por exemplo, tratamentos oncológicos que são tóxicos para o sistema cardiovascular. É o que chamamos de cardiotoxicidade. Essa lista de medicamentos tóxicos será atualizada, explicando os limites de utilização e debatendo estratégias para prevenção cardiovascular do paciente.
Como o congresso estimula a participação de novos médicos e acadêmicos?
Esse ano seguirá com a novidade apresentada na segunda edição: a sessão de Temas Livres, aberta para pesquisas científicas enviadas pelo público. Acreditamos ser de extrema importância possibilitar que novos pesquisadores divulguem seu trabalho, principalmente em uma área essencial como a cardiologia. Essas apresentações enriquecerão ainda mais o nível científico e intelectual do congresso e abrirão portas para novos profissionais surgirem.