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Copacabana recebe 17ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa

Organizadores almejam receber 100 mil pessoas, oriundos de muitas regiões do Brasil | Foto: Divulgação

É chegada a hora da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que tradicionalmente acontece no 3° domingo do mês de setembro. A 17ª edição, organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa - CCIR e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas - CEAP, acontecerá no dia 15 de setembro.

Concentração no Posto 5, na Orla da Praia de Copacabana. No decorrer de todo o trajeto, apresentações de grupos culturais e falas de representantes religiosos, das 10h às 17h.

Ao longo dos anos, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa vem chamando a atenção da sociedade civil e das autoridades públicas, para os riscos antidemocráticos, diante do crescimento dos casos de intolerância religiosa. Como bem pontua o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, em seu livro "Marchar não é caminhar: interfaces políticas e sociais das religiões de matriz africana no Rio de Janeiro", os conflitos e disputas religiosas nunca deixaram de fazer parte das transformações sociais. Nunca deixaram porque não existe uma unicidade sobre religiões e religiosidades, seja aqui no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo.

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa se destaca como uma das vozes ativas na luta e pela democracia, pelo estado laico e de combate à intolerância religiosa que persiste em toda a sociedade. Nasceu em resposta a episódios que evidenciaram a necessidade de priorizar o respeito à fé. Nesse contexto, a CCIR se protege como um escudo essencial contra os crimes religiosos. E assim, a CCIR, passou a ser um importante instrumento de acolhimentos e denúncias dos crimes de intolerância religiosa. Única no mundo que tem em seu cerne diversos adeptos religiosos, dentre representantes do candomblé, umbanda, bases evangélicas, católicos, budistas, muçulmanos, judeus, wiccanos, hare krishnas, ciganos, mórmons, defensores dos direitos humanos e outros segmentos.

Representantes de outras regiões e estados também marcam presença, oriundos da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, do Amazonas, entre outros. A organização almeja receber em torno de 100 mil pessoas, em prol das pluralidades, humanidades, diversidade e liberdade religiosa.

"É um evento que além de projetar luz e reflexões para a promoção de uma sociedade mais humana, plural e diversa também luta em prol do fortalecimento das bases democráticas que ainda fazem parte da nossa sociedade. Como bem sabemos, a intolerância religiosa e o racismo ainda são os maiores desafios sociais e políticos na contemporaneidade, na perspectiva da garantia do Estado Democrático", afirma o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos.

Como surgiu o ato - Sem bandeiras políticas ou partidárias, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, surgiu no ano de 2008, em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana foram expulsos da comunidade pelo traficante Fernandinho Guarabu, que, na época, comandava o tráfico local e os impedia de usar suas vestes religiosas e seus fios de conta. Destarte, após diversas manifestações públicas, em defesa das liberdades religiosas e dos direitos de cultos pessoais, ligados às diversas confissões religiosas, defensores das diversidades e membros de grupos sociais passaram a se unir e reunir, anualmente, para em prol da tolerância, da equidade e da pluralidade, para que, juntos, passassem a realizar o maior evento inter-religioso do Brasil.

O II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, revela uma nefasta política de extermínio e silenciamento. Organizada pelo CEAP e pelo Observatório de Liberdades Religiosas (OLIR), com apoio da Representação da UNESCO no Brasil, lançado em janeiro de 2023, traz dados alarmantes sobre o crescimento do discurso de ódio. Uma média de 3 denúncias de intolerância religiosa por dia em 2022. E nada mudou de lá para cá, e ainda aumentou. Organizado pelo Prof. Doutor Babalawô Ivanir dos Santos (Prof. e Orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ (PPGHC/UFRJ), Coordenador do Observatório das Liberdades Religiosas do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (OLR/CEAP), em parceria com o professor mestre Bruno Bonsanto Dias - Doutorando em População, Território e Estatísticas Públicas - PPG/ENCE/IBGE, e o Prof. Luan Costa Ivanir dos Santos, mestrando pela FEBF-UERJ- Caxias no Programa Pós-graduação em Educação, Cultura e Comunicação e Pesquisador do OLR/CEAP