Secretaria de Estado da Mulher na luta também nos gramados
Com cinco títulos mundiais, o Brasil é um dos países que mais forma atletas no mundo, sobretudo pela existência dos times de base, que já sabem desde o início que não basta treinar somente o físico. Formar atletas conscientes e seguros de quem são também faz a diferença. Por isso, o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher e os times Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo, firmaram parcerias para levar aos atletas das categorias de base palestras do Serviço de Educação e Responsabilização do Homem (SerH), vinculado à secretaria.
"O SerH é um programa que tem como objetivo a efetivação da Lei Maria da Penha em sua integralidade, trazendo os homens para este movimento, que deve ser coletivo, de prevenção e enfrentamento às violências contra meninas e mulheres. Estamos muito felizes por termos esses novos parceiros, conscientes de seus papéis na sociedade e na formação de seus atletas", afirma a secretária Heloisa Aguiar.
Nas conversas com os jogadores, foi mostrado como o uso da violência é prejudicial para todos os envolvidos, além de incentivar que os homens estejam lado a lado das mulheres, como aliados, atuando de forma respeitosa.
Para o coordenador do SerH, Paulo Sarcon, para prevenir a violência contra a mulher, é preciso alcançar os jovens. Nesse caso, estar nos Centros de Treinamento se torna um importante caminho para levar essa mensagem.
"Fizemos um diálogo sobre o processo de construção da masculinidade e como nós aprendemos a ser homens, sendo sempre pautados, por conta do machismo, a afirmar a masculinidade por meio da violência. Esses processos não são naturais, eles são aprendidos. Dessa forma, é possível que os homens aprendam a ter um comportamento não violento", explicou Paulo.
O treinador do sub-17 do Flamengo, Eduardo Zuma, destaca que, além da preparação física, é necessário trazer diálogos importantes, como o exercício das masculinidades para a formação do caráter.
"O desempenho faz parte da carreira deles, mas, antes de jogar futebol, os atletas são pessoas que precisam se formar dentro e fora de campo. Acredito que a prevenção é o melhor remédio para tudo. Assim como prevenimos lesões físicas, também podemos prevenir problemas nos relacionamentos, para que eles se conscientizem e tomem boas decisões", afirmou Zuma.
No Fluminense, a ação reuniu jogadores dos times de base masculino e o feminino, abordando também as ferramentas de proteção contra a violência de gênero.
"É com grande prazer que recebemos a Secretaria de Estado da Mulher para palestrar aos nossos times de base. Consideramos a ação fundamental, pois acreditamos que a educação e a conscientização são essenciais para a formação de atletas responsáveis. A atividade reforça nosso compromisso com a prevenção da violência contra as mulheres, promovendo um ambiente esportivo mais seguro e respeitoso. Trabalhar juntos nessa causa é um passo importante para moldar um futuro em que todos possam viver com dignidade", disse a coordenadora psicossocial pedagógica do clube, Lucilene Dias.
O Vasco reuniu os jogadores de 15 a 20 anos para conversar com a equipe do SerH e refletir sobre uma sociedade livre de violências.
"A violência contra a mulher é crime, e queremos que, dentro e fora dos gramados, haja respeito, tanto para as torcedoras que frequentam os jogos quanto para todas as mulheres. Por isso, tão importante quanto a formação esportiva do atleta, nos preocupamos com o desenvolvimento biopsicossocial dos jogadores", destacou a psicóloga do cruzmaltino, Larissa Carlos.
Para a assistente social dos times de base do Botafogo, Iara da Costa, os jogadores atuam como influenciadores na sociedade.
"Essa parceria é fundamental para promover reflexão, sensibilização e trabalhar a prevenção com esses atletas. A partir do momento em que eles adquirem o conhecimento de tudo o que foi ministrado, levarão esse aprendizado para a sociedade, sendo agentes multiplicadores para virarmos esse jogo contra o machismo", salientou Iara.
O programa
O SerH é um programa que visa a garantia da efetivação da Lei Maria da Penha na sua integralidade, trazendo os homens para este movimento, que deve ser coletivo, de prevenção e enfrentamento às violências contra meninas e mulheres, a partir de três eixos de ação: responsabilização, prevenção às violências e promoção do cuidado.
O eixo de promoção do cuidado visa que o homem esteja lado a lado das mulheres, como aliados, em campanhas de conscientização e mobilização, como a campanha do Laço Branco, no Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, e outros.
O programa também estimula que os municípios implantem a metodologia dos grupos reflexivos para homens, recurso previsto na Lei Maria da Penha, além de promover capacitação técnica para os profissionais que atuarão como facilitadores.
No eixo da responsabilização, são previstos grupos reflexivos nas unidades prisionais a partir de um Termo de Cooperação Técnica entre a Secretaria da Mulher e a Secretaria de Administração Penitenciária.