Criar um produto com grande potencial não é suficiente: uma startup de sucesso precisa de uma estratégia de crescimento que leve em conta desafios financeiros, administrativos e comerciais para atingir um público cada vez maior, atrair investimentos, escalonar a produção e manter uma gestão eficiente.
Aceleradoras de empresas se propõem a ajudar a superar esses obstáculos, com investimentos para alavancar o negócio e com a expertise necessária para auxiliar empreendedores a tomar as decisões corretas nesse processo.
Segundo Paulo Puppin, coordenador do núcleo de startups do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), aceleradoras "têm o objetivo de prover redes de contatos, capacitação e financiamento". Oferecem programas intensivos que incluem mentorias especializadas, networking com investidores e, frequentemente, aporte financeiro inicial.
Aceleradoras do setor privado geralmente cobram por seus serviços ou se tornam sócias do negócio. Instituições governamentais e do terceiro setor podem oferecer programas de aceleração gratuitos.
É comum que startups passem por um rigoroso processo de avaliação antes de serem aceitas para o programa de aceleração.
A contratação de uma aceleradora pode ser válida para startups mais estabelecidas, que já têm um produto ou serviço definido, validaram o seu modelo de negócio no mercado e buscam atingir crescimento rápido.
Marcus Leite, coordenador do Sebrae for Startups, afirma que o importante é ter a estrutura inicial já consolidada. "Especialmente para empreendedores de primeira viagem, eu acho que é muito recomendável participar de um programa de aceleração, pelo networking, pelo conteúdo oferecido e para conhecer outras empresas de mesmo perfil."
Leite e Puppin recomendam procurar e tentar conhecer bem uma aceleradora que tenha afinidade com o modelo de negócio e o segmento de atuação da empresa. Segundo Puppin é importante verificar "se a tese de aceleração da aceleradora bate com a do empreendedor e se a rede que ela proporciona é capaz de suprir a necessidade da startup naquele período". Outro conselho é conversar com os empreendedores que já participaram de programas daquela aceleradora e perguntar que lições foram aprendidas.
Para Leite, é necessário estudar bem as opções existentes e entender se os preços e as porcentagens cobrados pelas aceleradoras são compatíveis com o que oferecem e com o que é praticado no mercado. Pode ser ruim, diz, abrir mão de fatia muito grande da empresa em troca de um aporte.
O Sebrae tem programas gratuitos de aceleração e pré-aceleração de startups. Para participar é preciso se cadastar na plataforma Sebrae Startups. Também oferece programas para segmentos específicos, como o Speed Agro, para startups do agronegócio (agtechs) que já têm um modelo de negócio consolidado e atuam no estado de São Paulo.
Fábio Amorim, CEO da Brands Partner, aceleradora especializada no segmento de alimentos e bebidas, enfatiza a importância de focar em produtos cujos diferenciais já tenham sido comprovados na ótica do consumidor.
Uma das empresas aceleradas pela Brand Partners é a Greentable, que trabalha com delivery de marmitas congeladas voltadas para clientes que procuram refeições saudáveis feitas com ingredientes naturais, ou que tenham restrições alimentares, como veganos, vegetarianos e celíacos.
Segundo Pedro Semeoni, sócio-fundador da Greentable, o objetivo da aceleração tem sido alavancar as vendas e o reconhecimento da marca no varejo. Ele destaca o conhecimento adquirido no processo e o papel da parceria nas negociações com varejistas. "Tivemos um crescimento de 200% no canal em que estamos atuando e esperamos muito mais, pois estamos no começo."
Por Marcelo Pessini (Folhapress)