Por Karoline Cavalcante
Trazendo outra análise em relação ao pleito norte-americano, o economista Edson Agatti, diretor executivo da Hayek Global College, falou sobre os impactos que o Brasil sentirá independente do resultado das urnas.
Karoline Cavalcante: O que significaria a vitória da Kamala ou a vitória do Trump?
Edson Agatti: A Kamala tende a ter uma política mais positiva quanto aos vistos e imigrantes nos EUA, mas com menos compromisso com a austeridade fiscal. A vitória de Kamala poderia intensificar a pressão dos EUA sobre o Brasil para adotar políticas ambientais mais rígidas, o que pode ser bom para o meio ambiente mas onerar as empresas com alguma ligação a estas regulações.
A vitória de Donald Trump sugere trazer mais austeridade fiscal. Se por um lado pode ser que dificulte a imigração, tenderia a fortalecer as relações EUA-Brasil no comércio e investimentos diretos, especialmente em setores como agricultura e energia, com menos ênfase nas questões ambientais e maior flexibilidade regulatória para o Brasil.
KC: Em um sentido que puxe para a política brasileira, como ficará em cada um dos cenários?
EA: A China vai ser um grande fator aqui. Com a Kamala, tudo continuaria na mesma, pois é uma continuidade das politicas de Biden. Já a vitória de Trump pode endurecer as relações entre EUA - China, e isso pode fazer com que o Brasil, por ter uma importância geopolítica crescente, se torne um mais diplomático no cenário internacional.
KC: Como ficará a política externa dos EUA com o Brasil com os dois cenários? E demais análises que julgar necessário.
EA: Kamala Harris: Promete a continuidade das atuais políticas de diplomacia imigração promovendo uma diplomacia positiva com ambos países; Donald Trump: Parceria comercial fortalecida com menos exigências, especialmente em setores chave como o agronegócio, energia e tecnologia.
KC: O diálogo com o Brasil?
EA: Tanto com Kamala Harris quanto com Donald Trump, o diálogo com o Brasil deverá manter um foco positivo no fortalecimento do comércio bilateral e na promoção de investimentos mútuos. Em todo caso, as instituições nos EUA tem muito interesse em receber talentos brasileiros. Acabei de chegar dos EUA, onde conseguimos várias parcerias com Universidades americanas. Em qualquer um dos cenários, os brasileiros têm muita abertura e deve estar preparado para estreitar laços.