A cidade de São Paulo conta hoje com 20 espaços gratuitos de coworking. Eles formam o projeto Teia, criado há cinco anos pela prefeitura.
São escritórios coletivos com salas de reunião e computadores com acesso à internet. Localizados, em sua maioria, em bairros da periferia, os coworkings públicos funcionam como anexos de centros culturais, bibliotecas e prédios municipais.
A reportagem visitou quatro unidades — Centro, Taipas, Lapa e Vergueiro. As instalações são semelhantes, com salas amplas e envidraçadas, mobiliadas com mesas com ou sem computadores, além de um espaço de convivência e uma sala de reunião. Outras características podem variar conforme a unidade. No Teia Lapa e no Vergueiro, por exemplo, há cabines de trabalho reservadas, enquanto no Taipas e no Centro há uma copa
Os espaços são bem organizados e limpos. Todas as unidades são bem conservadas, e sua estrutura faz lembrar a de coworkings particulares. Além de computadores, também são equipadas com projetores e impressoras.
Cada Teia oferece programação mensal com cursos, atividades de qualificação profissional e encontros de networking. As ações são voltadas ao empreendedorismo.
Os usuários do Teia recebem suporte para o uso dos serviços disponíveis, além de contar com um atendimento que orienta sobre a formalização do MEI (microeempreendedor individual), emissão de documentos, análises de negócios e acesso a microcrédito. Depois disso a prefeitura não acompanha os potenciais empreendedores e não sabe, por exemplo, quem criou empresa.
A quantidade de pessoas utilizando os espaços depende do dia e da localização. As unidades centrais costumam estar mais lotadas, enquanto nas periferias a ocupação pode variar. Embora sempre haja usuários, não há dificuldade em reservar um espaço.
O perfil dos frequentadores também é diversificado. Em todas as unidades, há pessoas que vão para trabalhar, mas nem todos são empreendedores. Alguns utilizam as instalações para estudar, outros são atraídos pelas capacitações oferecidas.
Para Andréa Silva, 38, auxiliar administrativa em busca de uma nova fonte de renda, os cursos de capacitação no Teia Taipas são uma maneira de se preparar para empreender. Moradora do bairro desde que nasceu, ela destaca a importância do incentivo a negócios e capacitação nas periferias.
"É importante ter essa oportunidade de aprimoramento aqui, porque tudo que a gente quer fazer é muito longe. Por exemplo, se for um curso, você vai para a Lapa ou para o centro da cidade. Ter acesso no bairro faz com que você não desanime."
A rede já ultrapassou 160 mil acessos, conta que inclui uso das instalações e participação em cursos, encontros e outras atividades. O público é composto por 60% de mulheres, 35% de homens e 5% de pessoas trans, não binárias ou que não declararam gênero. Mais da metade dos usuários (53%) se identificam como pretos ou pardos.
Para usar o Teia, é possível reservar com antecedência pela plataforma digital da Adesampa, neste link, que oferece um mapa das unidades. Outra opção é ir sem agendamento e fazer o cadastro na hora.
Não há limites de agendamento. As reservas têm duração de quatro horas. Quem precisa de mais tempo pode fazer dois ou mais agendamentos seguidos, para a mesma estação de trabalho ou para outra.
Empreendedores que usam o Teia relatam que o projeto cria um espaço para estabelecer uma rede de contatos por meio de troca de experiências. "Às vezes você tem a oportunidade de desenvolver um negócio com outro empreendedor ou com alguém que ajude você em alguma atividade que não está evoluindo", diz Vagner Barros, 48, contador que está estruturando um negócio de educação financeira.
Os coworkings públicos no Brasil começaram a ganhar força em 2017, com a inauguração do Workitiba em Curitiba, que atualmente tem três unidades. Iniciativas semelhantes são o ItabiraHUB e o ParqueLab, em Minas Gerais, e o Espaço Colaborar, com 21 unidades, na Bahia.
Por Isabella Cândido (Folhapress)