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Diabetes aumenta risco de derrame cerebral

Novembro Diabetes Azul é o mês de atenção mundial à doença que atualmente atinge 16 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde. é Caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, o Diabetes tipo 2 - o mais prevalente - é associado principalmente a fatores de estilo de vida, como sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade. A doença não controlada pode afetar o funcionamento de diversos órgãos e levar à condições que comprometem ainda mais qualidade de vida dos pacientes, como asma, disfunção erétil e outras que podem até mesmo levar à morte. É o caso do Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença que atualmente é a principal causa de morte no Brasil e que vem atingindo um número cada vez maior de pessoas.

De acordo com o estudo Golden Burden of Disease, uma em cada quatro pessoas terá AVC ao longo da vida. Atualmente, 25% são vítimas fatais e 70% ficam com alguma sequela. O mesmo estudo, porém, aponta que 90% dos AVCs poderiam ser evitados com hábitos saudáveis e cuidados básicos com a saúde. "É uma condição que pode levar à morte ou deixar graves sequelas, mas que poderia ser evitada, portanto precisamos aproveitar cada campanha, cada oportunidade para alertar à população", ressalta o neurocirurgião membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Orlando Maia. o especialista.

Obesidade e Sedentarismo são fatores de risco

De acordo com estudo publicado na revista científica The Lancet Neurology, o número de AVCs cresceu 70% nos últimos 31 anos e, ainda no mesmo estudo, ficou evidente que a obesidade e o diabetes foram responsáveis pela maioria dos casos - em 88% do casos os pacientes eram obesos e em 32% dos casos eram diabéticos ou pré-diabéticos. Orlando Maia, que também é membro da Câmara Técnica de Neurocirurgia do Rio de Janeiro, alerta que outros fatores de risco para o AVC são tabagismo, consumo excessivo de álcool, doenças cardíacas, hipertensão arterial, estresse, dieta de baixa qualidade e sedentarismo.

Este último fator, além de também estar relacionado ao diabetes, tem sido apontado como responsável pelo aumento em 15% do número de AVCs em pessoas jovens. "Não é coincidência que também vemos um aumento de diabetes em jovens. Sedentarismo, alimentação ruim e obesidade estão de mãos dadas e são fatores de risco para as ambas doenças", comenta Orlando Maia. "A troca das atividades físicas pelas telas dos celulares, computadores e TVs é um fator importante a se considerar. E por isso, precisamos mais do que nunca nos engajar nesse movimento pela saúde", destaca o neurocirurgião.

Glicose é usada
pelo cérebro

A glicose é fundamental para o funcionamento do cérebro, usada como combustível dos neurônios, porém quando os níveis de açúcar se encontram elevados podem ocasionar danos cerebrais. "O AVC é de maior risco para pessoas com diabetes, pois a falta dessa regulação de glicose causa lesões em diversos tecidos do corpo, vasos e órgãos. Essas lesões e inflamações aumentam as chances de entupimento por causa de coágulos que se formam nos vasos. Caso afete algum tecido que irriga o cérebro, pode gerar um AVC isquêmico", explica o neurocirurgião Orlando Maia.

"A cada um minuto sem circulação de sangue no cérebro, perde-se 15 milhões de neurônios. Por isso, quanto mais rápido o socorro, em até 4,5 após os sintomas, menores são as chances do paciente ter sequelas", acrescenta o neurocirurgião. Os médicos destacam que é importante controlar os níveis de glicose, ter acompanhamento médico, sobretudo, quem tem casos da doença na família, e praticar hábitos saudáveis, tanto para prevenir, quanto para diagnosticar precocemente.

O tratamento para o diabetes tipo 2 é baseado em mudanças no estilo de vida, incluindo dieta equilibrada, atividade física regular e perda de peso. No entanto, em alguns casos, medicações orais, ou insulina podem ser necessárias. A doença é facilmente detectada em exames de sangue que medem os níveis de glicose no sangue de rotina, que devem ser feitos anualmente", lembra Orlando Maia.