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Ilha Grande em Angra é a maior do Estado do Rio

A Ilha de Cataguases em Angra é considerada uma viagem ao Caribe | Foto: Reprodução/Juju na Trip

Murilo Bomfim*

Se a costa carioca -do Leme ao Pontal- bastou para inspirar Tim Maia a compor um dos seus maiores hits, é provável que ele não tenha passado pela Ilha Grande. Separada da capital pela restinga da Marambaia, o lugar, que guarda algumas das praias mais belas do litoral brasileiro, mereceria um espaço na canção. Ou uma canção só para ele.

Parte do município de Angra dos Reis, a ilha é a oitava maior do Brasil e a maior do estado do Rio de Janeiro. Seus quase 200 km² têm história: foi habitada pelos indígenas tamoios e tomada por portugueses. Recebeu a visita de dom Pedro 2º, foi local de quarentena para enfermos que chegavam ao Brasil e abrigou um presídio (eternizado em "Memórias do Cárcere", de Graciliano Ramos). Foi só em meados da década de 1990 que começou a se desenvolver como destino turístico.

À época, a infraestrutura era bastante limitada, mas ganhou força ao longo dos anos com a crescente demanda de brasileiros e estrangeiros. Isso fica bem visível na charmosa Vila do Abraão, o maior bairro da ilha, situado em seu lado leste. Principal ponto de chegada, a região concentra boa parte dos serviços disponíveis para turistas e moradores --há pousadas, restaurantes, lojas, agências, mas também escola e unidade de saúde.

À exceção de ambulância e carros de prestação de serviço, não são permitidos automóveis por lá. Circula-se a pé, de bicicleta e, é claro, por veículos aquáticos.

Logo no Abraão há boas opções de programas. A praia tem mar calmo, muitos barcos e pode ser apreciada da areia ou dos bares e restaurantes da orla. É ideal para papear, comer um petisco e contemplar. De lá, uma pequena caminhada leva ao Parque Estadual da Ilha Grande, onde é possível fazer grandes caminhadas.

A exuberância da vegetação é sem igual, e pode ser apreciada em trilhas de diferentes níveis de dificuldade. Os mais dispostos, por exemplo, podem andar cerca de uma hora e meia e enfrentar uma subida para chegar à cachoeira da Feiticeira -sendo, depois, recompensados com a força da água batendo nos ombros.

Perto do Abraão está a praia de Lopes Mendes, talvez a maior representante da beleza do local. Eleita como uma das melhores do Brasil por diversos rankings e lotada de boas avaliações em sites de turismo, é perfeita: extensa, com faixa de uma areia fina e clara, água cristalina e quente, mar agitado, mas raso por um bom trecho, possibilitando bons banhos. Chegar a ela, no entanto, exige caminhada por trilha ou transporte marítimo -como ocorre com muitas das atrações por ali.

Praia do Aventureiro

Do outro lado da ilha, na porção oeste, está outra queridinha: a praia do Aventureiro. Ela é famosa por abrigar um coqueiro que, em razão de uma tempestade, caiu e ficou na horizontal. Resistente, recriou raízes e seguiu crescendo, mas na vertical, criando um ângulo reto em seu tronco. Como é de se imaginar, tem até fila para tirar selfie com essa celebridade orgânica, mas Aventureiro oferece mais que isso. O raro tom verde da água faz boa dupla com a areia fina, adornada por pedras e coroada pela vegetação característica da ilha.

O mar pode ser ainda mais claro na altura central da Ilha Grande, mais perto do continente. Ali, a ilha é acompanhada por outras três: dos Macacos, Comprida e Redonda. A disposição delas cria a lagoa Azul, uma piscina natural cheia de pequenos peixes coloridos, ideal para fazer snorkel. A água é cristalina a qualquer tempo, mas dias ensolarados dão um impressionante tom azul-turquesa. Para aproveitar em paz, vale chegar cedo. É comum que lanchas com som alto estacionem por lá, mudando o clima do local.

Visita planejada

Dificilmente será possível conhecer toda a Ilha Grande em uma única viagem (não à toa ela leva esse nome). Por isso, é importante fazer um planejamento e escolher o que conhecer. É possível acessar praias pelas trilhas, mas as agências locais oferecem bons passeios de escuna (mais baratos, com grupos maiores) ou lancha (mais caros e exclusivos) para quem quer ver mais lugares em pouco tempo. Pode-se, por exemplo, fazer o passeio de volta à ilha, circulando por oito horas entre as praias, ou a meia volta à ilha, com duração de seis horas.

O planejamento também ajuda a escolher como chegar à Ilha Grande. Além do Abraão, o desembarque é possível na Vila de Araçatiba e na praia do Bananal. As opções de embarque também são diversas: além de Angra dos Reis, pode-se partir de Conceição de Jacareí e de Mangaratiba.

Em qualquer dos casos, os aeroportos mais próximos são os da capital fluminense, com vantagem para o aeroporto de Jacarepaguá. A diferença é a duração dos trajetos por terra e por mar.

Mangaratiba é a mais próxima do Rio de Janeiro, mas a travessia é mais extensa (23 km). Conceição de Jacareí exige mais 15 km de estrada, mas o trajeto sobre o mar é mais curto e com mais oferta de horários. Para quem parte de São Paulo ou Paraty, Angra é uma boa escolha. Seja qual for o caminho, vai valer a pena.

*Folhapress