No mês passado, no Distrito Federal, o número de novos casos de dengue apresentou uma redução de 81% na 48ª Semana Epidemiológica (SE) de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF), divulgado em dezembro, foram registrados 256 novos casos entre as SE 47 e SE 48 de 2024. Enquanto entre as mesmas semanas de 2023, o número de novos casos foi de 1.354.
O comparativo entre as semanas epidemiológicas também ressalta a desaceleração no crescimento da doença. A redução expressiva é atribuída, pela SES-DF, às iniciativas preventivas do governo do Distrito Federal e ao engajamento da população no combate ao mosquito Aedes aegypti.
Medidas de combate ao Aedes aegypti
A Secretaria de Saúde explicou à reportagem do Correio da Manhã como tem implementado ações no enfrentamento ao mosquito transmissor da dengue. As equipes realizam visitas regulares a residências para eliminar possíveis focos, aplicando larvicidas em locais de risco. Em 2024, foram realizadas mais de 1,3 milhão de inspeções domiciliares e tratados 263.960 focos do vetor.
Além disso, a SES-DF instalou 1.278 estações disseminadoras de larvicidas. Esses dispositivos utilizam o próprio mosquito para espalhar o produto em criadouros próximos, reduzindo a infestação em áreas residenciais. Até o momento, também foram cadastradas 2.175 armadilhas ovitrampas, responsáveis por capturar mais de 1,3 milhão de ovos do Aedes aegypti.
Resultados do Dia D contra a dengue
Em 14 de dezembro, a mobilização nacional contou com ações intensivas no DF. Em Ceilândia, 3.993 residências foram visitadas por agentes de vigilância ambiental. Durante as inspeções, 2.338 depósitos, como caixas d’água e piscinas abandonadas, receberam tratamento com larvicida, enquanto 90 amostras de água testaram positivo para o mosquito transmissor.
O Dia D reforçou o trabalho contínuo das equipes, que realizam cerca de 5 mil visitas domiciliares diárias. A iniciativa foi acompanhada por medidas educativas, orientando os moradores sobre a importância de eliminar criadouros do inseto.
Iniciativas conjuntas e uso de tecnologia
A Secretaria DF Legal tem apoiado o combate à dengue com fiscalizações de lotes sujos e descarte irregular de lixo. Em 2024, foram realizadas 8,5 mil ações fiscais apenas no primeiro semestre. Essas operações identificaram focos do mosquito em terrenos baldios e resultaram na aplicação de 209 multas.
Outra estratégia adotada foi a instalação de placas em áreas de descarte irregular. Em parceria com o Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), foram confeccionadas 200 sinalizações, com informações sobre locais adequados para depósito de entulho e orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti.
Paralelamente, novas tecnologias foram incorporadas ao monitoramento epidemiológico. Painéis inteligentes ajudam a antecipar mudanças nos padrões de transmissão da dengue. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) também desempenha papel essencial na identificação dos vírus circulantes no DF.
Participação da população e imunização
A SES-DF destaca a importância da colaboração popular na eliminação de criadouros. Moradores são orientados a vistoriar semanalmente suas residências e a adotar cuidados simples, como tampar caixas d’água, limpar calhas e evitar o acúmulo de água em recipientes.
Outra frente de combate é a vacinação contra a dengue, disponibilizada para crianças e adolescentes de dez a 14 anos. Apesar da oferta, a adesão ainda é baixa: apenas 41% tomaram a primeira dose, e 16% completaram o esquema vacinal. No momento, 20.920 doses estão em estoque na rede pública, mas não há previsão de ampliação da faixa etária.
Impacto das mobilizações na saúde pública
As iniciativas de limpeza e remoção de entulhos realizadas pelo GDF também contribuem para reduzir os riscos associados à dengue. Em mutirões organizados nas regiões administrativas, moradores foram incentivados a descartar materiais inservíveis, pneus e embalagens plásticas. Caminhões do SLU recolheram os itens acumulados, evitando o surgimento de novos focos do mosquito.
A SES-DF também promove capacitações regulares para profissionais de saúde. Em dezembro, 80 médicos participaram de um treinamento sobre protocolos de manejo da dengue e febre maculosa. O objetivo é fortalecer a rede de atenção primária e aprimorar a assistência à população.
Tendência de redução de casos
Apesar do aumento nos casos suspeitos desde o início das chuvas, o DF permanece em uma situação epidemiológica mais favorável do que em 2023. A SES-DF reforça a necessidade de continuidade nas ações preventivas e do engajamento coletivo para manter a tendência de redução nos indicadores de dengue.
