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Marinheiros mortos em naufrágio do encouraçado Aquidabã são homenageados

Oficiais do Colégio Naval e autoridades da prefeitura de Angra na homenagem aos 114 marinheiros que perderam a vida no naufrágio do encouraçado Aquidabã, ocorrido há 119 anos | Foto: Wagner Gusmão/PMAR

*Por Redação

Uma cerimônia em homenagem aos 114 marinheiros que perderam a vida no naufrágio do encouraçado Aquidabã, ocorrido há 119 anos, ocorreu nesta terça-feira, dia 21. O evento, organizado pela Marinha do Brasil, foi realizado no monumento dedicado ao navio, na Ponta Leste, na Baía de Jacuecanga, em Angra dos Reis, no Estado do Rio. Estiveram presentes oficiais do Colégio Naval e autoridades da prefeitura de Angra que representaram o prefeito Cláudio Ferreti.

A homenagem contou com a execução do Hino Nacional, um resumo da história do naufrágio e discursos que destacaram a importância de manter viva a memória dos marinheiros que perderam suas vidas no acidente. O evento foi encerrado com o depósito de uma coroa de flores no monumento, em um gesto de respeito e reverência.

- Preservar a memória do encouraçado Aquidabã é reconhecer sua relevância histórica e homenagear os 114 marinheiros que perderam a vida em serviço. O monumento erguido aqui na Ponta Leste mantém essa história viva em nossas mentes e reforça o compromisso de respeito e patriotismo, tão importantes para passarmos às gerações futuras sobre os valores da história naval brasileira - destacou o secretário de Relações Institucionais, Aurélio Marques.

História do naufrágio

O naufrágio do encouraçado Aquidabã, ocorrido em 21 de janeiro de 1906, marcou profundamente a história naval do Brasil. Construído na Inglaterra e incorporado à frota brasileira em 1885, o navio foi um marco da modernização da Marinha e participou de momentos históricos como a Proclamação da República e a Revolta da Armada.

Sua tragédia foi causada por uma explosão nos paióis de munição, que resultou na morte de 114 marinheiros entre os 212 tripulantes a bordo. Entre as vítimas estava o Contra-Almirante João Cândido Brazil, natural de Angra dos Reis.

Almirante João Cândido

Natural de Angra dos Reis, João Cândido Brazil nasceu em 8 de março de 1848 e ingressou na Academia da Marinha em 1863. Ao ser declarado Guarda-Marinha, em 1865, seguiu para a campanha do Paraguai, combatendo bravamente durante quatro anos.

Após concluir, em 1874, na Europa, estudos referentes à Especialidade em Construção Naval, foi nomeado Diretor das Construções Navais do Arsenal de Marinha de Pernambuco.

Dois anos depois, assumiu a Direção das Construções Navais do então Arsenal Nacional e Imperial da Marinha, construindo, sob planos originais de sua autoria, 26 navios, entre os quais os Cruzadores "Primeiro de Março", "Almirante Barroso", "Tamandaré" (maior navio de guerra construído até hoje pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro) e a Canhoneira "Iniciadora".

O Almirante João Cândido Brazil faleceu vitimado pela catástrofe do Encouraçado Aquidabã, em 21 de outubro de 1906.

Hoje, a Marinha do Brasil o reconhece como o Patrono do Corpo de Engenheiros Navais, por sintetizar, em uma só personalidade, características marcantes como: dedicação, profissionalismo, descortino e visão de futuro, que materializam o espírito do que é ser um Engenheiro Naval.

Navio mais importante
da Marinha

Construído na Inglaterra em 1885, o "Aquidabã "era classificado como encouraçado de Esquadra, por ser o navio mais importante da Marinha na época em que foi comprado. Tecnicamente era considerado um dos mais avançados da época.

Como a sua couraça não protegia igualmente todo o navio, chegou a ser apelidado de Encouraçado de Papelão pelo seu primeiro comandante,o,então, Capitão-de-Mar-e-Guerra Custódio de Mello.

Em novembro de 1891, o "Aquidabã" cumpriu um papel decisivo na reação à tentativa de golpe de estado contra o Marechal Deodoro. Foi de um de seus canhões que saiu o tiro de advertência à Esquadra de São Bento, chegando a danificar a cúpula da igreja da Candelária no Rio de Janeiro. O encouraçado atingiu o ápice de sua carreira em 1893,no início da Revolta da Armada,quando abrigou a bordo o Almirante Custódio de Mello, chefe de uma rebelião contra o governo do Marechal Floriano Peixoto.O navio cruzou três vezes a Baía de Guanabara, resistindo à artilharia da costa e, ainda por cima, levando a bordo o oficial que o chamara de Encouraçado de Papelão. A partir daí, seu apelido passaria a ser Casaca de Ferro.

Revolta armada

Durante a Revolta da Armada, numa batalha com os navios do Governo, foi torpedeado, a 16 de abril de 1894, em Anhatomirim,pelo contratorpedeiro Gustavo Sampaio, quando afundou parcialmente; depois foi posto a flutuar e levado ao Rio de Janeiro para reparos superficiais. Em seguida rumou para a Europa, onde foi levado para a Alemanha para sofrer as recuperações necessárias no casco e máquinas e na artilharia na Inglaterra. Somente em 1897 o navio voltaria a navegar, com um armamento ainda mais poderoso.

Algum tempo depois o "Aquidabã" retornaria ao estaleiro para ser transformado em embarcação para experiências de transmissão de telégrafo sem fio . As mudanças foram, basicamente, a retirada dos dois mastros militares (instalados durante a reforma) e dos tubos de torpedo acima da linha d'água e a instalação de um mastro para a transmissão de dados telegráficos.

*Com informações

do site da Marinha