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Usina Angra 1 retorna ao sistema após reparo

Usina teve vida útil estendida por mais 20 anos e terá obras de modernização | Foto: Divulgação/Eletronuclear

Por Sônia Paes

A usina nuclear Angra 1 foi religada ao ao Sistema Interligado Nacional (SIN), às 12h23 de sábado (25), após reparos e testes no sistema de óleo de selagem do Gerador Elétrico Principal. A usina foi desconectada do sistema em 18 janeiro. Segundo a Eletronuclear, que opera o complexo de usinas nucleares em Angra dos Reis, a parada de Angra 1 não teve qualquer relação com a parte nuclear da usina e não representou nenhum risco à população, trabalhadores ou meio ambiente. "A empresa reafirma seu compromisso de transparência com a sociedade, comunicando qualquer evento programado ou inesperado na CNAAA", disse a empresa, no sábado, dia 25, por meio de nota.

Nas três primeiras semanas de janeiro deste ano, a usina foi desligada do sistema duas vezes: uma no dia 18 e outra no dia 07, quando ocorreu um problema durante a realização de testes de rotina. No dia seguinte (08), Angra 1 foi religada.

Parada programada para abril

A Eletronuclear fará uma parada programada na Usina em 1 de abril e deve durar em torno de, no mínimo, três meses. Neste período, a estatal fará a primeira etapa as obras de modernização que constam no documento de renovação da licença de operação de Angra 1, que teve a vida útil estendida por mais 20 anos. A informação sobre a paralisação de abril foi dada pela Reuters, na semana passada.

Mais 20 anos

Em 21 de novembro do ano passado, a primeira usina nuclear brasileira foi autorizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a operar por mais 20 anos. Ou seja: até 2044. O processo de obtenção da licença começou ainda em 2019, quando a Eletronuclear pediu oficialmente autorização para estender as operações da usina. Foi criado um grupo de trabalho para cumprir todas as exigências do órgão regulador - no caso a CNEN- para fazer a modernização de Angra 1.

Serão investidos em torno de R$3.2 bilhões, entre 2023 e 2027, divididos em quatro parcelas de aproximadamente R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos (2023 a 2026) e R$ 320 milhões em 2027.

Na ocasião, a decisão favorável foi celebrada pelo presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, que comparou Angra 1 às usinas com as mesmas características que já receberam o aval para operar por até 80 anos nos Estados Unidos.

- A renovação de Angra 1 deve ser celebrada e enaltecida por coroar o grande trabalho desempenhado por nosso corpo técnico. Todos se dedicaram ao máximo nos últimos cinco anos e comprovaram que Angra 1 segue com total segurança para entregar uma energia firme e limpa para o desenvolvimento do Brasil - declarou Lycurgo, em novembro do ano passado.

Mais sobre Angra 1

A primeira usina nuclear brasileira iniciou a operação entrou em operação comercial em 1985 com um reator de água pressurizada (PWR), o mais utilizado no mundo. Com 640 megawatts de potência, o empreendimento entrega energia suficiente para suprir uma cidade de dois milhões de habitantes e abastece o sistema elétrico nacional 24 horas por dia, todos os dias.

Em 2023, Angra 1 gerou 4,78 milhões de MWh. O fator de carga (Load Factor) - que representa a energia elétrica líquida realmente entregue ao Sistema Interligado Nacional dividida pela capacidade de Angra 1 - dos últimos 5 anos é de 88,24%. Ou seja, é como se a usina tivesse operado 322 dias por ano em sua capacidade máxima.

Angra 1 foi adquirida da empresa americana Westinghouse sob a forma de "turn key", como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por parte dos fornecedores. No entanto, a experiência acumulada pela Eletronuclear em todos esses anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que superam o de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a capacidade de realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica e incorporar os mais recentes avanços da indústria nuclear.