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Autoridades advertem sobre uso de celular durante a folia

Cidades conhecidas pela folia, como São Paulo e Salvador, estão entre os municípios com maior incidência de furto de celular, mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Na capital paulista, o índice chega aos 1.781 furtos por 100 mil habitantes.

Por isso, os foliões precisam recorrer a estratégias diversas para proteger o aparelho, que hoje serve, ao mesmo tempo, como telefone, mapa, documento e banco.

Empresas e o governo oferecem aplicativos de bloqueio, serviço de seguro para smartphone e os brasileiros ainda são criativos, com estratégias como o "celular do ladrão" que consiste em andar com um celular velho e sem valor, enquanto se guarda o smartphone do dia a dia em casa.

Celular seguro

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou no fim de 2023 um app que funciona como um botão de emergência em caso de furtos o Celular Seguro. Deixar o app configurado antes do Carnaval é o primeiro item da lista de tarefas de segurança.

Caso a pessoa seja alvo de um furto ou perca o dispositivo, ela pode bloqueá-lo na web, usando o sistema Gov.br, ou pedir para um contato de confiança bloquear o aparelho. Este contato deve estar cadastrado previamente no Celular Seguro.

O aplicativo oferece duas opções de bloqueio: uma chamada modo recuperação que encerra o acesso à linha telefônica e aos apps bancários, e o bloqueio total que impede o aparelho de receber novos chips ao ser acionado por meio do Imei, um número único que identifica o celular.

Neste último caso, só é possível reativar o celular entrando em contato com a operadora. A pasta da Justiça e da Segurança Pública também adverte que o bloqueio total ainda dificulta o trabalho da polícia na recuperação do aparelho.

Para evitar transtornos nos casos em que a pessoa encontra o aparelho perdido, o Ministério da Justiça recomenda que o app seja acionado apenas quando for necessário.

O modo recuperação foi anunciado em dezembro, e foi possível graças a uma parceria da pasta da Justiça com os bancos membros da Febraban e o Nubank. O governo ainda negocia para incluir Uber, iFood e ecommerces, uma vez que os criminosos também aproveitam o smartphone roubado para fazer pedidos.

'Modo ladrão' do Google

Nos smartphones Android, o sistema operacional do Google, os usuários têm a opção de ativar um modo de segurança, que bloqueia a tela automaticamente, quando houver a detecção de um movimento brusco. O recurso ficou conhecido popularmente como "modo ladrão" e pode reforçar a segurança do aparelho durante as festas de rua.

O usuário precisa ativar na tela de configurações essa opção, que estará desativada por padrão.

O bloqueio por detecção de roubo, como é chamado oficialmente, é ativado a partir de um gatilho ligado aos sensores e ao aplicativo aberto no smartphone. Esse mecanismo detecta a chance de alguém ter agarrado o aparelho e ter saído correndo, seja em uma bicicleta, a pé ou em um carro.

O recurso pode gerar bloqueios indesejados, uma vez que foi programado para ter mais falsos positivos do que negativos.

Trata-se de um bloqueio de tela simples, desativado com reconhecimento biométrico ou senha, diferentemente do bloqueio presente no "Encontre meu dispositivo", em que o usuário pode deixar uma mensagem na tela do smartphone.

Proteção de dispositvo roubado da Apple

A Apple tem, nos iPhones, um recurso para dificultar que mesmo ladrões que têm o código de desbloqueio de um celular roubado acessem senhas salvas, façam operações financeiras por meio de aplicativos e restaurem os padrões de fábrica para vender os aparelhos.

Esse modo, que pode ser ativado nos ajustes do aparelho, impõe camadas de autenticação adicionais quando o iPhone está longe de locais conhecidos, como casa ou trabalho. A ferramenta chama-se "Proteção de dispositivo roubado".

Para acessar senhas e cartões de crédito armazenados, o dispositivo solicita reconhecimento facial ou de digital Face ID ou Touch ID, que não poderão ser substituídos pela senha de acesso ao aparelho.

A alteração da senha no sistema da Apple (Apple ID) ainda fica bloqueada por uma hora, quando o dispositivo pede nova autenticação com Face ID ou Touch ID. Dessa maneira, a fabricante espera aumentar as chances do usuário consiga marcar o aparelho como perdido para apagar ou bloquear dados.

O recurso está disponível para iPhone XR e modelos posteriores.

Cadeado Galaxy

A Samsung também oferece uma opção de bloqueio de aplicativos e dados bancários em seus aparelhos: o cadeado Galaxy.

Nesse serviço, o usuário pode ligar a uma central telefônica da Samsung ou acessar este site para bloquear o aparelho pelo Imei, assim como faz o celular seguro. O atendimento funciona 24 horas por dia pelos telefones 4004-0000 (capitais e grandes centros) ou 0800 555 0000 (demais cidades e regiões).

Os donos dos smartphones mais recentes da empresa coreana podem usar o serviço de segurança da Samsung de graça por um ano.

Limpe o smartphone antes da folia

Outro problema recorrente após ocorrências de furto e roubo de smartphone é a extorsão, usando informações sensíveis mantidas em conversas em aplicativos ou de fotos íntimas. Limpar o celular de qualquer material que possa subsidiar crimes também ajuda.

O consultor em segurança pessoal Fernando Soares recomenda ainda que os foliões excluam aplicativos bancários e de comércio virtual que não forem estritamente necessários, uma vez que os criminosos podem fazer compras com o aparelho surrupiado.

Outra opção de segurança é manter os aplicativos que podem gerar prejuízos financeiros em uma pasta protegida por senha. Esse recurso pode ser acessado nas configurações de iPhones e dispositivos Android.

Celular do ladrão

Entre quem decidiu levar um smartphone para a folia, uma tendência é aderir a um aparelho velho e de baixo valor de mercado.

Outra dica é deixar apenas os aplicativos necessários para comunicação e localização durante a festividade, como WhatsApp e mapas.

A Polícia Civil de São Paulo (PCSP) recomenda que os foliões nunca guardem o celular no bolso de trás ou mochilas durante a festa.

Uma opção é guardar o celular em doleiras mantidas sob as roupas, de acordo com o consultor de segurança pessoal Fernando Soares. Outro cuidado, segundo ele, é jamais emprestar o celular para desconhecidos, "por mais comovente que seja a história".

As autoridades aconselham que as pessoas evitem tirar fotos onde houver risco de furto ou roubo. Manusear o aparelho em público é contraindicado.

"Caso se perca de seus amigos, marque um horário e um ponto de encontro", recomendam a polícia judiciária. "Se, eventualmente, for abordado por uma pessoa suspeita, não reaja, não grite e não discuta", acrescentam.

Por Folhapress