Comércio mantém cautela, apesar do avanço em 2024
Comércio em Petrópolis não tem o mesmo crescimento do restante do país
Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o comércio varejista brasileiro registrou um avanço de 4,7% em 2024 em comparação ao ano anterior. Com isso, marcou o maior crescimento desde 2012, quando o setor apresentou uma alta de 8,4%. Apesar dos números em altas, as perspectivas para 2025 são feitas com mais cautela.
De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apesar da resiliência demonstrada pelo setor nos últimos anos, há preocupações quanto ao impacto da alta da taxa de juros e da valorização do dólar sobre o consumo. Com carteira de mais de 16 mil empregados, o comércio em Petrópolis, por exemplo, não registra o mesmo crescimento do restante do país. A informação é da Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis.
Setores que puxam os números
Os segmentos que mais impulsionaram esse desempenho foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com um aumento expressivo de 14,2%, seguidos por veículos e motos, partes e peças, que cresceram 11,7%.
Outros setores também registraram bons resultados, como artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%), material de construção (4,7%) e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,6%). O saldo positivo indica que 2024 foi um ano de expansão para o varejo nacional.
-O comércio tem demonstrado sua força, mas há um cenário econômico mais desafiador pela frente, especialmente para os segmentos que dependem de crédito - explica Claudio Mohammad, presidente da CDL Petrópolis.
A taxa Selic, atualmente em 13,25%, impõe um custo elevado ao crédito, tornando financiamentos e parcelamentos menos acessíveis para os consumidores. A inadimplência e o endividamento, já em patamares altos, dificultam ainda mais a aquisição de bens duráveis. Além disso, a desvalorização do real, que acumulou uma queda de 21,82% em 2024 e chegou a R$ 6,18 por dólar, encarece produtos importados e pressiona a inflação, reduzindo o poder de compra da população.
Fora do ritmo nacional
Em Petrópolis, o varejo não acompanhou o ritmo de crescimento nacional. Mesmo com um desempenho positivo em setores específicos, a economia local ainda sente os impactos da recuperação pós-pandemia, além de desafios estruturais que dificultam uma retomada mais expressiva. "O comércio petropolitano enfrenta um cenário diferente do restante do país, com oscilações na demanda e a necessidade de estratégias mais assertivas para atrair consumidores", avalia Mohammad.
Nova postura
Diante desse quadro, a recomendação é de que o varejo adote uma postura estratégica para 2025. A digitalização, a personalização da experiência do consumidor e o uso de inteligência artificial são apontados como tendências fundamentais para a adaptação ao novo comportamento de compra. Além disso, datas comemorativas e períodos sazonais devem ser aproveitados como oportunidades para alavancar as vendas.
-Embora 2024 tenha sido um ano de recuperação para o setor, os desafios econômicos previstos para 2025 exigem planejamento e inovação. O comércio varejista precisará se reinventar para manter sua competitividade e garantir crescimento sustentável nos próximos anos - completa Cláudio Mohammad.