O Festival Hip Hop do Cerrado, evento tradicional do Distrito Federal, realiza sua 6ª edição no próximo dia 29 de março, a partir das 16h, na Praça do Cidadão, em Ceilândia Norte. Com entrada gratuita, o festival, que tem quase 20 anos de história, traz um line-up diversificado, com atrações locais e nacionais do hip hop, como MC Marechal, Viela17, GOG, Atitude Feminina, Baseado nas Ruas, entre outros. A 6ª edição também marca a celebração do 54º aniversário de Ceilândia, e pela primeira vez o festival será realizado na cidade, após diversas edições no Plano Piloto. E nada mais justo que aconteça ali. Se Brasília é considerada a capital do rock, a região administrativa, com sua diversidade cultural, vai se firmando como uma das principais cenas brasileiras do hip hop, revelando nomes como Hungria.
A escolha de Ceilândia como sede do evento é vista como um gesto de descentralização da cultura. Segundo Raffa Santoro, DJ e produtor musical e um dos idealizadores do festival, a cidade tem uma forte identidade com várias culturas e uma longa história com o hip hop, o que a torna um local ideal para receber a celebração. "Estamos preparando uma festa incrível, e a cidade receberá um grande presente no seu aniversário", afirma Santoro.
O festival, além das apresentações de artistas renomados, contará com participações de DJs como Gaby, Monkey, VK e o próprio Raffa Santoro, que também se apresentará, além do MC Nenzin e projeções de VJ Jean. A programação promete agradar tanto ao público tradicional do hip hop quanto aos novos adeptos da cultura.
Essência cultural
O Festival Hip Hop do Cerrado foi idealizado por Aninha, do grupo Atitude Feminina, e Raffa Santoro, e sua primeira edição aconteceu em 2006. Desde então, o evento se consolidou como um dos maiores e mais relevantes festivais de hip hop no Distrito Federal, reunindo artistas consagrados e novos talentos do gênero. A edição deste ano conta com a coordenação do rapper Japão Viela17 e Raffa Santoro, prometendo ser ainda mais especial. Além das apresentações de rap, o evento terá uma estrutura que inclui atividades culturais e sociais voltadas para o fortalecimento do hip hop na periferia de Ceilândia.
A programação também faz parte de uma série de iniciativas que promovem a educação e a cultura hip hop nas escolas do Distrito Federal. Entre os dias 24 e 26 de março, o projeto "Hip Hop Aprendizado para a Vida" realizará apresentações e palestras em escolas de Itapoã, São Sebastião e Paranoá, com a participação de BBoys, MCs e DJs. O projeto visa conectar a cultura do hip hop à educação, com atividades que abordam temas como bullying, violência doméstica e preconceito racial, além de promover o empoderamento de jovens por meio da arte.
Transformação
A importância do hip hop como ferramenta de transformação social e empoderamento também é destacada em outra ação da cidade. A Casa do Hip Hop Ceilândia/DJ Jamaika, inaugurada em março, celebra o aniversário da cidade com eventos especiais, incluindo o 2º Brasil Super Battle Edição Graffiti, que ocorre no final de semana dos dias 29 e 30 de março. A casa foi criada com o objetivo de fortalecer, preservar e expandir a cultura hip hop em Ceilândia, e é um espaço para jovens talentos se desenvolverem na cena independente.
O 2º Brasil Super Battle Edição Graffiti contará com a participação de grafiteiros renomados, como Edmun, de Belo Horizonte, e Chambz, de São Paulo, que apresentarão suas obras e realizarão uma pintura coletiva com 30 grafiteiros na Estação de Metrô Ceilândia Centro. O evento é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), Secretaria de Economia Criativa e Metrô DF, e visa celebrar a arte urbana como uma ferramenta de restauração e identidade, transformando espaços públicos e levando cultura para as ruas.
A Casa do Hip Hop Ceilândia, que leva o nome do DJ Jamaika, é um espaço que presta homenagem a um dos pioneiros do rap no Distrito Federal, e visa manter viva a memória e o legado do artista. Criada pelo DJ Ocimar, do Instituto Evolui, com o apoio do rapper Rivas, conhecido como Kabala, a Casa tem como objetivo criar oportunidades para jovens e fortalecer a cena hip hop da cidade. Oferecendo oficinas de DJ, breaking, grafite e MC, a Casa do Hip Hop tornou-se um ponto de encontro para artistas, educadores e ativistas que utilizam a cultura urbana como ferramenta de empoderamento.
Cenário social
Além do apoio a eventos como o Brasil Super Battle Edição Graffiti, a Casa do Hip Hop realiza atividades e eventos regulares que buscam promover a inclusão social e a valorização da identidade cultural da periferia. A Casa se consolidou como um símbolo de resistência e transformação social na cidade, sendo considerada um espaço de aprendizado e crescimento para a juventude local.
Em mais uma edição do Festival Hip Hop do Cerrado e com a inauguração de novos espaços como a Casa do Hip Hop Ceilândia, o movimento hip hop continua a crescer no Distrito Federal, evidenciando a importância da cultura como forma de expressão e resistência nas periferias. Ao mesmo tempo, iniciativas como o projeto "Hip Hop Aprendizado para a Vida" demonstram o potencial do hip hop como uma ferramenta de transformação, não apenas artística, mas também social e educacional. A programação de março destaca Ceilândia como um importante polo cultural do DF, e oferece um espaço para artistas e jovens da cidade expressarem sua identidade e cultura.