Por: Michele Oliveira - Por Folhapress

Cardeais apontados como favoritos para suceder o Papa

Com a morte do Papa, cardeais de todo o mundo são convocados para a reunião na Capela Sistina, dentro do Vaticano, onde é decidido quem será o novo Papa | Foto: Wikimedia Commons

Com a morte de Francisco, ocorrida nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, a pergunta que ronda o Vaticano é uma só: quem será o próximo papa?

O conclave é o processo de escolha de um pontífice, que começa oficialmente depois que o líder da Igreja Católica morre ou renuncia ao cargo. Nesses casos, os cardeais espalhados pelo globo são convocados para a reunião na Capela Sistina, dentro do Vaticano. Só podem votar aqueles que têm menos de 80 anos.

Embora, em teoria, qualquer homem batizado celibatário possa ser escolhido como papa, desde o conclave de 1378 todos os eleitos faziam parte do grupo de cardeais. É dali que saem as listas de mais cotados a futuro papa. Atualmente, o Colégio Cardinalício é formado por 252 cardeais, sendo 138 eleitores.

Pelo direito canônico, o total de eleitores não deveria passar de 120, mas é uma decisão que cabe ao papa e o limite já foi superado em outros períodos. A escolha de Francisco de nomear 21 novos eleitores em dezembro de 2024 é ligada ao fato que, ao longo de 2025, 14 cardeais completarão 80 anos e perderão direito a voto.

O vaticanista Edward Pentin criou, com uma equipe de jornalistas e especialistas católicos, o site The College of Cardinals Report, que enumera 12 cardeais entre os mais papáveis. Nele, há o perfil de todos os cardeais vivos, informações detalhadas de cerca de 40 deles e uma lista de 12 papáveis, sem ser um ranking de mais ou menos cotados.

Veja abaixo quem são eles, por ordem alfabética. Não há brasileiros nem sul-americanos, e metade se tornou cardeal no papado de Francisco.

ANDERS ARBORELIUS, 75 (SUÉCIA)

Bispo de Estocolmo, já foi considerado um modelo pelo papa Francisco, por sua capacidade de diálogo. É a favor de mais abertura para divorciados, mas contra o diaconato feminino. Nomeado por Francisco em 2017.

ANGELO BAGNASCO, 82 (ITÁLIA)

Mais velho da lista, é arcebispo emérito de Gênova. É considerado um bom nome entre os que esperam pela volta de um italiano conservador ao papado. Nomeado por Bento 16 em 2007.

CHARLES BO, 76 (MIANMAR)

Arcebispo de Yangon, maior cidade e antiga capital de Mianmar, é considerado um candidato forte em temas de injustiça social e diálogo entre religiões. Nomeado por Francisco em 2015.

JEAN-MARC AVELINE, 66 (FRANÇA)

Arcebispo de Marselha e nascido na Argélia, é apontado como um preferido do próprio Francisco, especialmente por sua defesa dos imigrantes. Nomeado por Francisco em 2022.

LUIS ANTONIO TAGLE, 67 (FILIPINAS)

Arcebispo emérito de Manila, desde 2019 tem cargo na Cúria Romana, a cúpula do Vaticano. Atualmente, é pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. Considerado o "Francisco asiático", compartilha a visão do papa em temas como ecologia. Nomeado por Bento 16 em 2012.

MALCOLM RANJITH, 77 (SRI LANKA)

Arcebispo de Colombo, capital do Sri Lanka, é outra aposta entre a ala tradicional e conservadora do clero, com o diferencial de estar na Ásia e se alinhar à defesa do meio ambiente como Francisco. Nomeado por Bento 16 em 2012.

MATTEO ZUPPI, 69 (ITÁLIA)

Presidente da Conferência Episcopal Italiana, equivalente à CNBB brasileira, e colaborador do papa em temas internacionais. Foi escolhido como mediador na Guerra da Ucrânia, enviado a Kiev e Moscou. Nomeado por Francisco em 2019.

PÉTER ERDO, 72 (HUNGRIA)

Arcebispo de Budapeste, é visto entre os círculos conservadores da Igreja como um nome para se contrapor às ideias de Francisco. Nomeado por João Paulo 2º em 2003.

PIERBATTISTA PIZZABALLA, 59 (ITÁLIA)

Mais jovem da lista, chefia o Patriarcado Latino de Jerusalém. Há mais de 30 anos vive na Terra Santa e conhece profundamente os temas do Oriente Médio, outro assunto caro ao papa. Nomeado por Francisco em 2023.

PIETRO PAROLIN, 70 (ITÁLIA)

Frequentemente citado como papável pela imprensa especializada, desde 2013 é secretário de Estado da Santa Sé, responsável pela diplomacia da Igreja. Nomeado por Francisco em 2014.

ROBERT SARAH, 79 (GUINÉ)

Único negro e africano entre os cotados, é uma aposta do campo conservador da Igreja por sua firme oposição ao papado de Francisco em temas como processo sinodal e abertura a casais homossexuais. É prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Nomeado por Bento 16 em 2010.

WILLEM EIJK, 71 (HOLANDA)

Arcebispo de Utrecht, é um nome estimado entre os conservadores por suas posições pró-vida, em temas como eutanásia. É contra a bênção a homossexuais, por irem contra a ordem de criação de Deus. Nomeado por Bento 16 em 2012.

 

Próximos passos da Igreja com a morte do Papa Francisco

Veja abaixo o que esperar dos próximos dias:

21 DE ABRIL

Esta segunda é o primeiro dos nove dias de luto em que ocorrem diversos ritos pela morte do papa.

O camerlengo, um cargo nomeado pelo próprio pontífice e atualmente ocupado pelo irlandês americano Kevin Joseph Farrell, tem a tarefa de verificar o óbito do líder católico e lacrar o quarto e o escritório papais. Segundo a Santa Sé, esse ritual ocorreu às 20h desta segunda (15h em Brasília).

Enquanto um sucessor não é eleito, as funções do papa que incluem chefiar o Estado do Vaticano são confiadas aos 252 membros do Colégio de Cardeais, sob a autoridade do cardeal camerlengo. Ele é auxiliado por três assistentes, sorteados entre os cardeais eleitores (ou seja, aqueles com menos de 80 anos) e substituídos a cada três dias.

É esse grupo que estabelece o dia de início das reuniões preparatórias dos cardeais para a eleição do papa, que passam a ser diárias, mesmo durante o funeral.

23 ABRIL

Esse é o dia em que provavelmente o corpo de Francisco chegará à Basílica de São Pedro para que o público possa prestar suas homenagens. Essa decisão, assim como outros detalhes das cerimônias fúnebres, cabe também ao camerlengo. No entanto, nesta segunda, o diretor do escritório de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, adiantou que a próxima quarta (23) é a data provável.

"O traslado dos restos mortais do Santo Padre para a Basílica do Vaticano, para a veneração de todos os fiéis, poderá ocorrer na manhã de quarta-feira, 23 de abril de 2025, de acordo com os arranjos que serão determinados e comunicados amanhã, após a primeira Congregação dos Cardeais", afirmou.

ENTRE 25 E 27 DE ABRIL

O sepultamento precisa ocorrer entre o quarto e o sexto dia após a morte, segundo o Universi Dominici Gregis.

Francisco, que evitou grande parte do luxo envolvendo seu cargo durante a vida, modificou e simplificou alguns ritos do funeral papal no ano passado.

A missa fúnebre ainda deve ser realizada na Praça de São Pedro, mas, ao contrário de muitos predecessores, Francisco pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Ele também pediu para ser enterrado em um caixão simples, de madeira e revestido de zinco, em substituição aos três caixões, de cipreste, chumbo e carvalho, que eram colocados um dentro do outro.

ATÉ 11 DE ABRIL

O dia 11 de abril é a data limite para o conclave, nome dado à assembleia de cardeais reunidos para eleger um novo papa, começar.

Após a morte de um papa, cardeais de todo o mundo vão a Roma. Tradicionalmente, um período de luto de 15 dias é observado antes que um conclave possa começar antes de renunciar, porém, o Papa Bento modificou as regras para permitir que se começasse mais cedo, se os cardeais assim desejassem. No máximo 20 dias após a morte se alguns cardeais tivessem dificuldade em chegar a Roma.

O mundo fica sabendo que um papa foi eleito quando um funcionário queima as cédulas de votação com produtos químicos especiais para fazer sair fumaça branca da chaminé da Capela Sistina, onde os cardeais estão reunidos. Eles usam outros produtos químicos para fazer sair fumaça preta indicando uma votação inconclusiva.