Por Marcelo Perillier
Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes? Durante sete anos, essa foi uma pergunta sem resposta, mas que, após longa investigação do caso, que passou da esfera da Polícia Civil do Rio de Janeiro para a Polícia Federal, encontrou-se a resposta. Neste período, o Correio da Manhã, durante a pandemia, fez uma campanha pelos longos dias de impunidade sobre o acontecimento de 14 de março de 2018, onde Ronnie Lessa atirou no carro da então vereadora, matando-a, junto com o motorista.
Na época que o caso ocorreu, muito se especulou que a família Bolsonaro poderia estar envolvida, mas que, com a delação premiada de Ronnie Lessa, revelou-se que foi a família Brazão (Chiquinho e Domingos) quem mandou matar a vereadora, junto com o então delegado Rivaldo Barbosa, que era o chefe da Polícia Civil do Rio no período do assassinato da vereadora
Detalhes da delação
Em depoimento à Polícia Federal, Ronnie Lessa relatou que tinha muito dinheiro envolvido para matar a vereadora e até terrenos em Jacarepaguá,
"Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de US$ 20 milhões. A gente não está falando de pouco dinheiro (…) Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente", afirmou, na época.
Segundo Ronnie, seria construído no local uma nova milícia, no qual ele seria um dos "sócios":
"A gente ia criar uma milícia nova. Então ali teria a exploração de 'gatonet', a exploração de kombis, venda de gás… A questão valiosa é depois. A manutenção da milícia que vai trazer voto", salientou aos agentes federais.
Prisão e condenação
Depois de muitas idas e vindas do caso, com fechamento e reabertura, o achado da arma que matou Marielle levantou suspeitas de que estavam querendo esconder provas do crime e que isso fora fundamental para encontrar os suspeitos.
Após longas investigações, chegaram-se aos nomes do ex-policial Ronnie Lessa e de Elcio Queiroz como os principais autores do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ronnie foi o autor dos tiros e Elcio o motorista do carro.
Os dois foram para juri popular e foram condenados a prisão. Ronnie pegou 78 anos, 9 meses e 30 dias. Élcio, a 59 anos, 8 meses e 10 dias. Os crimes foram: duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves (assessora de Marielle) e receptação do veículo usado no crime.
"Fica aqui, para os acusados presentes — e serve para os vários Ronnies e Élcios que existem por aí soltos — a seguinte mensagem: a Justiça, por vezes, é lenta, cega, injusta, torta, mas ela chega. A Justiça chega mesmo para aqueles que, como os acusados, acham que jamais serão atingidos por ela", afirmou a juíza Lúcia Glioche durante a leitura da sentença.
