Por: Luiz Voltolini

Movimento abril verde promove a cultura de segurança e saúde no trabalho

Adir de Souza - presidente do SINTESPAR | Foto: Divulgação

O Movimento Abril Verde tem como objetivo conscientizar toda a população sobre a implantação de ações de prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. O investimento na prevenção de acidentes e enfermidades relacionadas ao trabalho assegura um ambiente mais seguro e saudável.

A Fundacentro apoia o movimento, pois sua finalidade vai ao encontro dos objetivos da instituição através de iniciativas, pesquisas, treinamentos e estudos para melhorar as condições de trabalho e diminuir os riscos
de acidentes De acordo com dados da Previdência Social, foram notificados 7.506.055 acidentes de trabalho entre 2011 e 2022.

Desses acidentes, os homens são 5.050.836, enquanto as mulheres são 2.447.812. Segundo a UGET-PR, União Geral dos Trabalhadores, a cada 3h47, uma vida é perdida no Brasil devido a acidentes laborais.

A UGT-PR se une ao movimento Abril Verde, iniciativa criada pelo presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná (SINTESPAR) Adir de Souza, para promover ambientes seguros e dignos para todos os trabalhadores. “Nossa missão é fiscalizar e garantir o cumprimento das normas, construindo juntos um
futuro mais seguro. Vamos fortalecer essa causa!”

O Movimento Abril Verde, criado por Adir de Souza, presidente da Fundacentro - PR e presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná (SINTESPAR), defende a adoção de medidas preventivas
que aprimorem as condições de trabalho em todo o país.

Adir de Souza comenta que as ações realizadas pela instituição desempenham um papel essencial na promoção da saúde e segurança no trabalho no Brasil, especialmente neste mês, quando se comemora o Dia Mundial em
Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, celebrado no dia 28 de abril.

Ao explicar o início do movimento, comenta que a ideia foi amadurecendo ao longo dos anos e nasceu do questionamento sobre os motivos de o poder público não tratar deste tema que atinge a todos na sociedade. O Movimento Abril Verde surgiu em 2005, quando foi criada a lei que definiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes no Trabalho.

Segundo ele, nesta época tiveram início nas entidades e movimentos sindicais atos públicos em Curitiba, Londrina e Maringá, São Paulo, com faixas e cartazes expondo dados de Acidentes no Trabalho.

“Em 2012 fomos convidados pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná para ajudar a divulgar o Outubro Rosa. A partir deste momento surgiu a ideia de criarmos um mês para a segurança do trabalho e escolhemos o dia 7 de abril, quando se comemora o dia Mundial da Saúde. Assim nasceu o Movimento Abril Verde”, explica.

A definição do dia 28 de abril se deve ao fato de que, desde 2015, várias empresas, organizações públicas, sindicatos e federações patronais e de trabalhadores comemoravam a data em que a Fundacentro iniciou a formação dos profissionais de Segurança e Saúde no Brasil. Adir de Souza comenta que que desde o início
da década de 70, quando nasceu a primeira formação de profissionais de Segurança do Trabalho, o quadro da segurança no ambiente de trabalho mudou muito.

“Na época, após a OIT – Organização Internacional do Trabalho - divulgar que o Brasil era campeão Mundial de Acidente no trabalho, o Governo criou o PNVT - Plano Nacional de Valorização do Trabalhador. Foi quando tiveram início os cursos de inspector de Técnico de Segurança no Trabalho, o Engenheiro de Segurança no Trabalho e o Enfermeiro do Trabalho na Fundacentro”, diz.

OBJETIVO

O objetivo do Movimento Abril Verde é chamar a atenção da sociedade para a importância de ampliar as ações de prevenção e controle de segurança no mundo do trabalho e alertar a todos que as perdas são de todos. Os empresários perdem horas de trabalho e lucro, o governo tem altos custos com os atendimentos hospitalares
em unidades saúde, a previdência paga os auxílios e benefícios.

Entretanto, diz, até hoje o mundo acadêmico não fez uma pesquisa sobre os prejuízos da falta de segurança. “Ao povo trabalhador ficam as mazelas da dor e do sofrimento, da doença ou da perda de uma parte do corpo ou da vida. Num mundo com tanta tecnologia ainda vemos trabalhador morrendo em valeta por falta de escoramento, isso precisa mudar”, defende.

Em relação as Micro e Pequenas Empresas e as Microempresas Individuais, Adir de Souza diz que elas podem aplicar os conceitos de segurança em seu dia a dia, e que é muito importante a capacitação do pequeno empresário. “É muito fácil de fazer o que está na legislação, mas o importante é estar na cabeça do empreendedor que preciso fazer uma análise de riscos de todas as tarefas de empresa.

Já se faz a análise de viabilidade econômica, análise de custos, mas não capacitam o pequeno empresário
a ter um olhar para a capacitação dos processos produtivos de seus trabalhadores.

Um acidente quebra uma empresa e a prevenção evita os custos com os afastamentos por acidente. Hoje em dia saúde mental salta aos olhos”, alerta. Ele comenta que em geral, a sociedade tem conhecimento e competência para elaborar material de capacitação em segurança, desde uma atividade mais complexa, até o modo seguro na hora de trocar o pneu do carro.

Entretanto, é importante que estas informações cheguem a todos, e este é um objetivo do movimento Abril Verde. “Sempre critiquei os eventos fechados aos profissionais na área. Precisamos criar no Brasil uma cultura de prevenção, para que mais pessoas tenham a informação”

Adir de Souza diz desconhecer a existência de algum estudo mostrando o número de acidentes do trabalho entre os pequenos negócios, como bares, restaurantes, salões de beleza, por exemplo. “Não tenho conhecimento da existência de trabalho como este. Falta conversa e parceria entre as instituições e uma ação efetiva das organizações que representam estas instituições”, afirma.

Por enquanto o Movimento Abril Verde não tem uma ação voltada a conscientizar os pequenos empreendedores, pois a entidade é pequena e quase sem recursos, mas que é algo a ser pensado com carinho. “Trabalhamos o ano todo no Movimento e pretendemos agendar uma visita ao Sebrae para tratar do tema com os pequenos
empreendedores”, afirma.

Em relação ao trabalho dos motoboys, que tem sofrido desde acidentes de trânsito até agressões de clientes, Adir informa que a Fundacentro está, desde o ano passado, fazendo um trabalho de pesquisa com estes trabalhadores. “Acredito que até ao final deste ano já teremos algo para apresentar à sociedade”, afirma.

Em sua avaliação, a Segurança e Saúde no Trabalho precisa se tornar Política Pública, igual as outras, como por exemplo a que trata da saúde do bebê desde o ventre da mãe até sua vida adulta. “Mas quando essa pessoa vai para mercado de trabalho é abandonada pelo poder público”, conclui.