Mergulhadores e policiais de selva iniciam nova fase de buscas por desaparecidos no AM

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Por: Rosiene Carvalho

O terceiro dia de buscas pelo indigenista licenciado da Funai Bruno Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal Guardian, desaparecidos desde domingo (5), começou pela manhã com o envio de reforço de mergulhadores e especialistas em buscas na selva da polícia estadual do Amazonas.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas, mais nove policiais saíram de Manaus na manhã desta terça (7), com destino a Tabatinga e depois a Atalaia do Norte, a 1.136 km de Manaus.

O trajeto da equipe de resgate envolve transporte aéreo e fluvial, segundo o governo estadual, e, por isso, a previsão é que eles cheguem no final da manhã no destino para se juntarem à equipe de buscas que já atua no caso.

Já a Marinha informou que na manhã desta terça usa um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e um jet ski nas buscas.

Os dois desaparecidos viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas, e estão desaparecidos. O último registro dos dois aconteceu na manhã de domingo (5), na comunidade de São Rafael.

Segundo a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e o Opi (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), o indigenista sofria ameaças.

Nesta segunda, o CMA (Comando Militar da Amazônia) emitiu nota informando que está em condições de cumprir "missão humanitária" de busca e salvamento se referindo ao resgate do indigenista e do jornalista.

A nota destaca que esta tarefa é feita ao longo da história do CMA, mas que o comando precisa ser acionado pelo "escalão superior. "Contudo as ações serão iniciadas mediante acompanhamento por parte do Escalão Superior".

Na manhã desta terça, a Polícia Federal informou que integra a equipe de buscas de Bruno Pereira e Dom Phillips desde a segunda-feira com o apoio da Marinha no rio Itaquai.

Segundo a nota, incursões foram feitas no trajeto que compreende o deslocamento dos dois desaparecidos e, em uma das comunidades ribeirinhas, duas pessoas que tiveram contato com o indigenista e o jornalista foram levadas à sede do município de Atalaia do Norte para prestarem depoimento.

Ninguém foi preso, segundo a nota da PF. A corporação informa ainda que as buscas retomam nesta terça com o apoio de um helicóptero.

O advogado indígena e membro da Univaja Eliésio Marubo disse que as buscas nos dois primeiros dias, sem encontrar vestígios dos dois desaparecidos nem da embarcação que eles navegavam, foi feita com os indígenas e o apoio de policiais militares e civis que já atuam na região.

Segundo Eliésio Marubo, cinco policias foram deslocados de Tabatinga para Atalaia e auxiliaram nas buscas, além de uma equipe da Marinha. As buscas encerram à noite.

O indígena cobrou mais presença da Polícia Federal e do Exército para auxiliar a operação.
Sian Phillips, irmã de Dom Phillips, fez um apelo em vídeo na noite desta segunda-feira (6) para que as autoridades brasileiras façam o possível para localizá-los. "Sabíamos que era um lugar perigoso, mas Dom acredita que é possível proteger a natureza e o sustento dos povos indígenas", disse a irmã.

Mais cedo, nesta segunda, a antropóloga Beatriz de Almeida Matos, companheira de Pereira, afirmou à Folha que ele precisa voltar para casa.

"Tenho um filho de três anos e um de dois, só penso nesse momento que ele retorne bem, por causa dos meninos. Ele tem também uma filha de 16 anos", disse.

Ela confirmou as ameaças e pediu todos os esforços possíveis para que os dois sejam encontrados. Beatriz também disse que a rapidez é importante nas buscas. A Terra Indígena Vale do Javari é frequentemente alvo de invasões de garimpeiros ilegais.

Estão sendo feitas "varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento", diz nota da Procuradoria Geral da República.

Também houve uma reunião entre integrantes do MPF (Ministério Público Federal) do Amazonas, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Polícia Civil, Funai, Univaja e Marinha para tratar dos detalhes logísticos da operação daqui em diante.

No início da madrugada desta terça (7), a Univaja informou que recorreu, em conjunto com a Defensoria Pública da União, à Justiça Federal para pedir o uso de helicópteros da Polícia Federal nas buscas dos desaparecidos, a ampliação das equipes e do número de barcos.

"É fundamental ressaltar que a região do Vale do Javari é gigantesca (8.544.00 hectares), de modo que se impõe que as equipes de buscas sejam imediatamente reforçadas não apenas em número de efetivo de pessoal, mas também com a disponibilização de barcos e helicópteros e serviços de inteligência investigativa", diz o texto da ação civil pública proposta à Justiça.