A Fórmula 1, a FIA e a Mercedes repreenderam o termo considerado racista que o ex-piloto Nelson Piquet usou para se referir a Lewis Hamilton ao comentar um acidente entre o britânico e Max Verstappen no Grande Prêmio de Silverstone, na temporada de 2021.
"Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito", diz o comunicado da F1.
"Seus esforços incansáveis e e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o que estamos comprometidos na F1", acrescenta.
A equipe alemã também declarou apoio ao heptacampeão mundial de F1 e exaltou a luta de Hamilton contra o racismo.
"Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e este episódio destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor", escreveu a Mercedes.
A Federação Internacional de Automobilismo, que representa os interesses sobe o automobilismo, também prestou solidariedade a Hamilton e condenou as falas de Piquet.
"A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade com Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor", disse a entidade.
O QUE DISSE NELSON PIQUET
Em vídeo de entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, Piquet chama Hamilton de "neguinho" ao comparar os acidentes envolvendo Ayrton Senna e Alain Prost, em 1990, na largada do GP do Japão, e o que ocorreu 31 anos depois, no GP da Inglaterra.
O trecho da entrevista foi publicado pelo canal Enerto, especializado em automobilismo, e repercutiu nas redes, com críticas ao tricampeão, que teve a fala apontada como racista (veja abaixo). O termo quando usado de maneira pejorativa ou com a intenção de ofender é considerado racista.
"O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]. O Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro [Verstappen] se fodeu. Fez uma puta sacanagem", afirmou o tricampeão mundial.
No ano passado, Hamilton e Verstappen travaram uma disputa ponto a ponto pela liderança do Mundial. Em Silverstone, Hamilton tocou o pneu no carro de Verstappen que rodou e bateu na barreira de proteção, provocando a interrupção da prova por mais de 40 minutos. A corrida foi reiniciada, e Hamilton recebeu 10 segundos de punição. Apesar disso, o britânico venceu a prova, com Charles Leclerc em segundo. O piloto da Red Bull, que conquistou o Mundial.
"Vamos focar em mudar a mentalidade", postou Hamilton no Twitter.
"É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", acrescentou o piloto inglês.
A família Piquet tem fortes ligações com Max Verstappen, piloto da Red Bull Racing, que é rival declarado de Lewis Hamilton. Kelly Piquet, filha de Nelson, é a namorada do holandês.
No ano final do ano passado, quando Verstappen superou Hamilton no GP de Abu Dhabi, e conquistou o título mundial, Nelsinho Piquet - outro filho de Nelson- usou as redes sociais para comemorar de forma veemente e apareceu com uma camisa com a inscrição:
"Patrão é meuzovo" em referência ao modo como o piloto da Mercedes é chamados pelos seus fãs.
Piquet foi piloto da Fórmula 1 entre 1978 e 1991. Ele é tricampeão mundial da categoria 1981, 1983 e 1987 -os dois primeiros conquistados pela Brabham e o último com a Williams.
Durante a sua carreira passou por seis equipes: Ensign, McLaren, Brabham, Williams, Lotus e Benetton.
O brasileiro conseguiu vencer 23 corridas, garantiu 60 pódios e fez 24 pole positions.
Sua última corrida foi um GP da Austrália em 1991. Ele encerrou sua carreira na F1 em 6º lugar com 26,5 pontos.