Por Pedro Sobreiro
Atual campeão da Copa América, da 'Finalíssima' e Copa do Mundo como técnico da Seleção da Argentina, Lionel Scaloni deu uma entrevista espetacular ao jornal 'Marca', da Espanha.
Na conversa, Scaloni refletiu sobre o futebol moderno e apontou que a causa para a redução dos talentos geniais, tão comuns no passado, vem do modelo comercial imposto ao esporte.
"Estamos perdendo a essência do futebol. Não só em nível profissional, mas também com o futebol das crianças [...] Meus filhos jogam na Espanha e estão sobrecarregados com tantas informações. Eles recebem a bola e já há pessoas dizendo a eles o que devem fazer", explicou.
O treinador, que virou ídolo na Argentina ao fazer a Albiceleste 'encaixar' e desempenhar o melhor futebol do planeta - de acordo com o ranking da FIFA, questionou essa pressão desmedida imposta no futebol de base, que trata o esporte como uma fábrica de números em vez de uma paixão que atinge bilhões ao redor do planeta.
"Se você disser a uma criança de sete ou oito anos para correr de forma diagonal, voltar para marcar, fazendo um jogo mais defensivo... Ele tem sete anos! Deixe a criança brincar, se divertir com a bola, cometer erros. Quando tiver uns 14 ou 15 anos, aí sim os técnicos poderão começar a corrigir esses aspectos", comentou Scaloni.
Para exemplificar melhor, Lionel traçou um paralelo com seu xará, Lionel Messi, o craque do Tri da Argentina, e se consagrou como um dos maiores jogadores da história.
"Há menos dribladores porque eles mal pegam a bola e já vêem os técnicos dizendo: 'Passe a bola!'. Imagine se Messi, quando tinha apenas oito anos, tivesse ouvido constantemente de seus treinadores para 'passar a bola'? Não teríamos o Messi que temos hoje", analisou.
"Essa é uma mensagem que deixo para o futuro. O futebol é um esporte cuja beleza não pode se perder", concluiu.
Em tempos de um futebol mecânico, é revigorante ver técnicos resgatando a paixão pelo esporte em sua filosofia.
