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Diretor fala sobre agressão

Técnico foi demitido após empurrar uma atleta durante partida do vôlei Sub-17 | Foto: Reprodução

Por André Martins e Carolina Alberti (Folhapress)

Diretor das categorias de base de vôlei do Vasco, Telon Bernardes falou sobre a agressão do técnico Andre Gava durante um jogo do sub-17. O treinador empurrou uma de suas atletas e foi demitido logo após a partida.

Em entrevista ao UOL, o diretor - que compareceu ao jogo em questão - criticou duramente a postura do treinador. Telon contou ainda recebeu o apoio dos pais das atletas após demitir o comandante.

'A gente abomina isso. É inadmissível'

"Ele [Andre Gava] já tinha discutido. Naquele exato momento, o jogo estava pegado e a discussão era a permanência da menina agredida na quadra, a Bia, se ela ficaria ou não. Ele tinha dito que era para ficar, e não sei se outros tinham falado para sair. Parece que ela estava sem saber o que era para fazer, perguntaram para ela e, na atitude impensada, [o André] empurrou ela para estar dentro da quadra", disse.

"Fui rigoroso na demissão. Não negociei. A gente prega muito por isso, ainda mais o Vasco. Abominamos o desrespeito. Fiquei arrasado, totalmente destruído", confirmou.

"É injustificável. Ele já estava meio nervoso com a arbitragem, se perdeu um pouco, e em ato impulsivo, deu aquele empurrão para [a jogadora] ficar dentro da quadra. A partir daquele momento, o juiz o desclassificou. Aí tive que apagar os incêndios todos. Ele ficou muito atordoado. Tem 20 anos de profissão, o grupo adora ele, mas a partir daquele momento, daquela cena, não tinha o que fazer. Pedi para que ele saísse da quadra. Naquele momento foi decretado W.O. Ele saiu da quadra, foi para os fundos. Me dirigi a ele, desliguei, pedi para ir para casa dele", explicou o diretor.

"O que me restou foi dar toda a atenção para os pais e para as atletas. Fiz reunião com as meninas e os responsáveis, me coloquei à disposição. Algumas meninas quiseram falar. Expliquei que nossos valores não são negociáveis, respeito e dignidade. Recebi contrapontos das próprias atletas, 'a gente sabe que André errou, mas a gente gosta dele, foi um fato isolado'. Ele tem o grupo nas mãos. A partir daí tive que ser bem enfático, expliquei que não estava dando o direito para elas de decidir, que naquele momento elas talvez não entendessem, mas que ele já tinha sido desligado", conta.

"O grupo de pais me apoiou integralmente, não esperavam outra coisa. Alguns pais até tiveram uma certa tolerância, entenderam que as filhas deles queriam a continuidade no André. Talvez estejam chateadas comigo, mas os pais me deram razão. Coloca até o projeto em risco, pela gravidade disso. O pai [da jogadora agredida] veio falar comigo, teve empatia. A Bia nem estava muito sentida, a mãe [dela] disse que já conversou com o Andre, que não ia registrar nenhum tipo de B.O por agressão, porque a maior punição é a consciência dele. Conheciam ele. A Bia, a agredida, jogou [a segunda partida do dia], entrou em quadra como se nada tivesse acontecido", disse.

"O cara [Andre Gava] saiu chorando, completamente desolado, sem direção. Estou preocupado com o profissional, mandou áudio chorando e se desculpando. É o projeto da vida dele, que jogou no lixo. Já trabalhou no Vasco há 13 anos, é vascaíno. Falei que o que ele fez foi grave, ele sabe disso. Ele nunca agrediu ninguém. Ele estava arrasado [depois do empurrão], sem chão. Quando falei pra que que tinha que se retirar, ele aceitou. Abaixou a cabeça, falou: 'nem sei o que te falar, o que aconteceu'", concluiu.

As jogadoras chegaram ao Vasco há três semanas e os pais já conheciam Andre Gava. O clube não tinha vôlei nesta categoria desde 2013.

Tanto as atletas quanto o treinador são prestadores de serviço, e não funcionários do clube. O time surgiu de uma parceria com o Grajaú e tem a chancela do Vasco.

Telon é diretor da base do vôlei há três meses. Ele foi nomeado por Pedrinho, presidente do Cruzmaltino.