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'Red Bull Ladeira Abaixo': Quando vencer não é tudo que importa

Por Pedro Sobreiro

No último domingo (16), a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na esquina com a Avenida Paulista, em São Paulo, recebeu um dos eventos mais inusitados do ano: o 'Red Bull Ladeira Abaixo 2024'.

Após cinco anos longe da capital paulista, a competição mundial de corredores de carrinho não-motorizados retornou às pistas com competidores do Brasil inteiro. Na edição de 2024, houve um diferencial muito interessante: foi a primeira etapa temática do 'Ladeira Abaixo', que só permitiu a inscrição de carros inspirados na Cultura Pop.

A grande vencedora deste ano foi a equipe 'Super Nuintendo', que correu em um carrinho que replicava o videogame clássico "Super Nintendo". Os rapazes de Cotia (SP) chegaram inteiros no fim da ladeira e conquistaram os jurados. Porém, como toda grande corrida, existem histórias por trás de cada time, e a equipe "UP - Loucas Aventuras" conquistou a todos nos boxes durante o Garage Day.

Composta por uma família de Varginha, Minas Gerais, o time usou como inspiração o simpático sucesso da Disney/ Pixar "Up - Altas Aventuras", em que um idoso viaja para a América do Sul em sua casa voadora.

Nos boxes, era impossível não se encantar com o gigantesco carrinho em forma da casa voadora e com a família perfeitamente trajada como os personagens do filme. Mais do que apenas o visual, a história por trás da escolha do filme é uma grande lição de vida.

"A gente viu que a mensagem do filme é muito positiva, porque ela resgata uma ideia de vida. O Friedricksen está viúvo, já debilitado, e quando ele pega o livro de aventuras, vê que não realizou muitas coisas na vida. E ele procura realizar um dos últimos sonhos que teve com a Ellie, sua falecida esposa, que era chegar no Paraíso das Cachoeiras. E o filme nos ensina que é importante ter três coisas na vida: saúde, dinheiro e tempo. Quando o Friedricksen percebe isso, ele já está em uma situação crítica de estar sendo levado a um asilo. E a lição que fica é que o ideal na vida é aproveitar esse espírito de aventura a vida toda. É um filme que nos encantou pela história dele", comentou o carismático Sr. Silvero, que foi vestido como o escoteiro Russell.

O carrinho "Casa Flutuante" também esconde uma curiosidade. Ele foi 'reciclado' de outra competição.

"A gente já tinha participado da edição 2022 com um carro-capivara. Aí, nós transformamos o que sobrou do carrinho, que bateu e quebrou, e fizemos toda a parte mecânica nova. O Eduardo Larrubia, que é nosso idealizador, nos motivou a fazer tudo reciclável, com cano de PVC, papelão e EVA, e foi ele quem desenhou, construiu e passou cerca de dois meses pintando a casa", conta.

Por fim, o que deveria ser apenas uma diversão familiar acabou rendendo uma ótima colocação na prova. Eles terminaram em segundo na competição em São Paulo, mas o grande prêmio foi mesmo a chance de reunir a família para se aventurar.

"A alegria de estar aqui é nossa grande meta. As equipes têm um senso de cooperação e de integração. Não é aquela ideia de ganhar, de vencer. Basta estar junto. Para você ter uma ideia, nós estamos aqui em família. São quatro da família, mais a nora, que está com o nosso netinho, e um amigão que embarcou no projeto. Esse momento de confraternização, os quatro dias de momentos únicos e a alegria de estar aqui... É isso que faz valer a pena. E também deixar os meninos aprontarem, porque só estudaram até hoje. Dava até dó", concluiu Silvero.