Por: Pedro Sobreiro

Craque das artes encanta o mundo

Camisa foi bem recebida pelos torcedores do Cleveland Cavaliers | Foto: Reprodução/ @cavsinbrasil

Neste sábado (29), o primeiro título brasileiro de Copa do Mundo completa 66 anos. Conquistada na Suécia, a Taça Jules Rimet foi um divisor de águas na história do futebol brasileiro, abrindo caminhos para que o talento do jogo bonito conquistasse o mundo mais quatro vezes depois disso, transformando o Brasil no país do futebol.

Nas redes sociais, o perfil brasileiro oficial do Cleveland Cavaliers surpreendeu os fãs ao lançar uma camisa conceito inspirada no título da Copa do Mundo de 1958 para homenagear os atletas brasileiros que passaram pela equipe campeã da NBA.

A arte, que foi muito bem recebida pelos fãs, foi feita pelo Diretor de Arte brasileiro Don Elece.

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Diretor de Arte, Lucas começou nesse meio 'por acaso' | Foto: Arquivo pessoal

Em entrevista ao CORREIO DA MANHÃ, ele explicou um pouco mais sobre como foi que surgiu essa parceria.

"Eu recebi uma mensagem pelo Instagram do perfil do Cleveland Cavaliers para fazer essa parceria de uma camisa com referência clara ao Brasil. Eles queriam um artista brasileiro para fazer uma camisa em homenagem ao Brasil. A ideia da camisa homenagear a Seleção Brasileira de 1958 partiu de mim. E confesso que estava com medo deles não gostarem, porque era ligada ao futebol, mas eles entenderam a ideia. Eu sou apaixonado por basquete e gosto sempre de trabalhar com o que é óbvio nas camisetas dos clubes. Então, falei para eles que quando penso no Cleveland Cavaliers, penso nas grandes campanhas do Cavs. Na virada quando o LeBron jogava lá. E aí, na hora que eu percebi que era isso que traduzia o clube para mim, me questionei o que traduziria o esporte brasileiro. Eu sei que o esporte brasileiro já era forte antes disso, mas o que coloca o Brasil no mapa do esporte mundial é Copa do Mundo de 1958, na Suécia. A gente vinha de uma geração muito forte, mas que não tinha sido coroada com uma Copa do Mundo, como as do Uruguai e da Itália. Então, a conquista brasileira de 58 é a grande virada de chave. E pensei: 'isso é a cara do Cavs!'. E aí ficou óbvio, porque a final da Copa de 58 marca a estreia do uniforme azul e branco da Seleção Brasileira. E eles tinham indicado que eu buscasse cores que o Cavs já havia usado. E queria dar personalidade para que não fosse uma camisa de basquete genérica com um logo do Cavs. Então, o azul combinou bastante, inseri tons azuis e verdes que ligam ao Brasil e não deixam a camisa ser apenas uma regata azul e branca, e dei algumas ousadas que achei que eles não fossem topar, como inserir o Cruzeiro do Sul dentro do logo do Cavs. E acabou que eles adoraram", explicou.

E para quem trabalha com as artes digitais, esse projeto com o Cavs traz uma curiosidade: foi aprovado de primeira.

"Foi um projeto muito divertido de fazer e consegui algo que, para quem trabalha com o design, é quase um milagre. A primeira versão do arquivo que fiz foi para Cleveland e já foi aprovado sem alteração nenhum. Acho que isso foi quase tão prazerosa quanto o convite de fazer essa parceria. Tive muita liberdade e eles acreditaram muito no meu trabalho", contou.

Quando não está trabalhando nas artes, Don Elece é Lucas Carvalho, um jovem do Rio de Janeiro que embarcou nesse mundo meio por acaso, após fazer curso técnico em informática no Ensino Médio. O que começou como um curso acabou virando sério. E isso o levou a criar artes para empresas como a Conmebol e Panini, e a trabalhar com astros do futebol mundial, como o artilheiro do Manchester City, Erling Haaland.

Essa variedade de clientes de peso chamou atenção do público nas redes sociais, onde Lucas faz vídeos comentando sobre artes digitais e dando conselhos para os interessados.

"Eu tenho muito orgulho e até uma certa vergonha de dizer que foram meus clientes que foram atrás de mim. Ao mesmo tempo que isso é incrível, é o meu ponto fraco. Mas isso bate com a minha ideia de 'estar sempre ali'. Eu sempre fui o cara que estava ali, de plantão, sempre fazendo alguma coisa. Quando eu ficava um tempo parado, meu dedo coçava para fazer uma arte e divulgar meu trabalho. E com a internet, eu não preciso imprimir minhas artes para sair por aí entregando em um envelope no Centro. No meu quarto, produzo três ou quatro artes por dia, subo, comento sobre como foi fazer, falo do processo, da teoria. Isso virou parte da minha rotina e tem chegado a muita gente", comentou.

Seus trabalhos mais recentes podem ser vistos nas redes sociais da Copa América 2024. Para os interessados em embarcar nesse meio das artes digitais, Don recomenda que não parem de estudar, porque o mercado está em busca de profissionais capacitados.

"O mercado está em um momento muito bom e não consigo ver ele saturando. Ao mesmo tempo que aparecem várias automações, como a inteligência artificial, as demandas sempre aumentam, porque novos consumidores aparecem o tempo todo. Então, o mercado está bem longe de estar saturado e enquanto está havendo esse aumento de demanda, a quantidade de profissionais capacitados não está crescendo na mesma intensidade. É muito importante que a galera que está começando agora foque muito em estudar. E estudar os fundamentos, o básico. Abrir o programa e entender como se faz as coisas. Testar as ferramentas. Porque se profissionalizar faz a diferença no curto prazo e vai ser um fator que vai separar o joio do trigo a longo prazo. Mas é um trabalho maravilhoso", concluiu.