Por: Pedro Sobreiro

Valorização popular é o grande legado do Brasil na Olimpíada

Caio Bonfim fez o brasileiro acordar de madrugada para torcer pela Marcha Atlética | Foto: Alexandre Loureiro/COB

Por Pedro Sobreiro (De Paris para o Correio da Manhã)

Diferentemente das últimas duas edições de Olimpíada, em que o Brasil conquistou suas duas melhores campanhas da história dos Jogos, 'Paris 2024' terminou com o Brasil mais distante do Top 10 mundial, muito por conta da menor quantidade de Ouros conquistada nesta edição em relação a 2016 e 2020.

No entanto, o grande legado que a Olimpíada de Paris 2024 deixa é a realização de um antigo sonho dos atletas brasileiros: a valorização das outras medalhas.

Por números absolutos, a melhor participação brasileira em Olimpíadas foi no ano de 2021, nos Jogos de Tóquio, em que terminou na 12ª colocação, com 21 medalhas conquistadas, sendo 7 de Ouro. E para a supresa de quem acha que o Brasil foi mal em Paris, por estar 'apenas' na 20ª colocação, vale ressaltar que os atletas do Time Brasil conquistaram 20 medalhas, a segunda maior marca de sua história, superando a saudosa edição Rio 2016, em que o Brasil terminou em 13°, com 19 medalhas no total, sendo 7 de Ouro.

Mesmo assim, o grande valor desta edição foi a mudança de mentalidade do povo brasileiro em relação aos atletas. Cada Prata e Bronze conquistado foi comemorado na mesma intensidade do Ouro. Não foi conformismo ou 'glamourização'. Trata-se de uma prova de que o povo enfim compreendeu o espírito olímpico e o tamanho que é estar ali.

Foram comemoradas medalhas inéditas, participações em modalidades que não são incentivadas no país, recordes que não resultaram em medalhas... A Olimpíada é o auge da carreira de todo atleta. Ficou para trás aquele pensamento mesquinho de que se não for medalha de Ouro é fracasso.

E até mesmo a não classificação do futebol masculino, que costuma roubar a atenção do povo, foi algo benefico, porque fez com que as torcidas se permitissem descobrir e se importar com mais modalidades.

No fim das contas, mesmo abaixo dos últimos dois quadros de medalhas, Paris 2024 vai entrar para a história do Time Brasil como a edição da 'virada de chave'. Agora, basta torcer e cobrar para que os investimentos nos atletas sejam feits corretamente, incentivando a formação de jovens em diferentes modalidade, não apenas concentrando a verba nos 'medalhões' para que o Brasil siga nesta crescente para Los Angeles 2028, porque apoio da torcida não vai faltar.