Por:

Priscila Belfort: 20 anos de um triste caso sem solução

Da esquerda para a direita: o secretário de Polícia Militar, Cel. Marcelo de Menezes; o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos; e o governador Cláudio Castro | Foto: Adriano Vizoni/ Divulgação

Por Pedro Sobreiro

Já está disponível no Disney a série documental 'Volta Priscila'. Ao longo de quatro episódios, a produção aborda o caso do desaparecimento da jovem Priscila Belfort, que sumiu em uma das ruas mais movimentadas do Rio de Janeiro em 2004, e não foi mais vista.

A convite da Disney, o CORREIO DA MANHÃ conversou com o lutador de MMA Vitor Belfort, irmão de Priscila, que destacou o sofrimento da família com o caso até os dias hoje.

"Nossa ferida não foi sarada e nunca vai ser, porque a Priscila não está aqui com a gente e nunca soubemos o paradeiro dela", disse Vitor.

A série traz depoimentos de familiares, amigos, jornalistas que investigaram o caso e muitas imagens de arquivo. Mais do que isso, é nítido que houve erros grosseiros na investigação.

"No documentário, a gente vai ver as lacunas do caso. E o que devem voltar a fazer é investigar novamente. Eu tenho certeza que quem está cuidando do caso da Priscila hoje, já que o caso foi reaberto, vai poder voltar atrás e investigar essas lacunas que foram deixadas no passado", ressaltou Belfort.

Além dos erros na condução do caso, que virou praticamente um quadro televisivo dos fins de semana, houve uma enxurrada de depoimentos falsos. E é assustador ver como muitos tentaram ganhar fama em cima do caso, já que o desaparecimento de Priscila teve repercussão nacional.

E para Vitor Belfort, o desaparecimento de sua irmã veio em uma época muito complexa, já que foi no momento do auge de sua carreira esportiva. Diante da dor, ele sequer conseguia comemorar suas vitórias.

"Quando eu olhei para o documentário, eu refleti que esse caso aconteceu justamente no auge da minha vida e da Joana [Prado, esposa de Vitor]. Não só pela questão esportiva, mas porque foi na mesma época que nasceram nossos filhos. Foi um momento muito difícil. Quando desaparece alguém, morre um pedaço de um pai, de uma mãe, de um irmão. O desaparecimento é uma morte diária", comentou.

O lutador conta que encontrou uma chance de 'respirar' ao conversar com Deus.

"Se não fosse Cristo na vida da minha família, a gente não conseguiria se reinventar. Eu só consegui reinventar minha carreira entre 2009 e 2012. Foram anos lidando com depressão e problemas. Eu queria que as pessoas entendessem que o meu sucesso profissional não veio em horas boas. Ele veio quando eu estava muito mal. Mas, graças a Deus, quando eu estava para baixo, eu tive pessoas ao meu redor que ajudaram a me reinventar. E agora minha família tenta se reinventar diariamente", explicou.

Por fim, Vitor Belfort explicou que, além de esperar que o caso seja investigado a fundo novamente, já que a série 'joga uma luz' sobre ele 20 anos depois do desaparecimento - que seja sem conclusão -, ele quer que vire exemplo para implementar novas ferramentas para ajudar famílias que também tenham entes desaparecidos.

"Com o documentário, a gente quer trazer também formas de conscientização e prevenção. Que a minha dor possa ser o milagre na vida de alguém que possa encontrar seus parentes desaparecidos por conta da Priscila", concluiu Belfort.

A série 'Volta Priscila' tem quatro episódios e está disponível no Disney .