Polêmica na eleição do COB

Candidatura de Paulo Wanderley à reeleição é alvo de críticas

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Por Lucas Bombana (Folhapress)

Estão previstas para o dia 3 de outubro as eleições para a presidência do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para o ciclo olímpico de Los Angeles-2028, em um pleito que tem gerado discussões dentro do meio esportivo sobre a legalidade da candidatura do atual mandatário, Paulo Wanderley.

Wanderley assumiu em 2017 após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, que era investigado à época pela PF (Polícia Federal) por suspeita de pagamento de propinas para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos em 2016. Em 2020, foi reeleito, e, no último dia de inscrições para as chapas no pleito deste ano, inscreveu sua candidatura, com Alberto Maciel Júnior como vice.

Associações que reúne atletas olímpicos, como a Cacob (Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil) e a ApB (Atletas pelo Brasil), se manifestaram contra a candidatura de Wanderley, pelo fato de um terceiro mandato ser vedado pelo estatuto do próprio COB e também infringir a Lei Pelé.

"Os mandatos dos membros eleitos para os poderes do COB são de no máximo quatro anos, permitida uma única recondução", diz o estatuto em seu Art. 21. Da mesma forma, a Lei Pelé, no Art. 18-A, aponta que "as entidades sem fins lucrativos componentes do Sistema Nacional de Desporto [...] somente poderão receber recursos da administração pública federal direta e indireta caso seu presidente ou dirigente máximo tenham o mandato de até quatro anos, permitida uma única recondução".

O entendimento de Wandeley, contudo, é o de que, como assumiu um mandato tampão após a renúncia de Nuzman, ainda teria direito a buscar a reeleição.

"Paulo Wanderley está se candidatando para a primeira e última reeleição ao COB. A legislação brasileira não veda a reeleição quando o primeiro período é um chamado mandato tampão. A gestão do presidente Paulo contribuiu para o resgate da credibilidade do COB. Ele não se candidataria se não houvesse respaldo jurídico", afirmou Marcelo Jucá, assessor jurídico de Wanderley.

Tanto a chapa de Wanderley quanto a de oposição, liderada por Marco La Porta e Yane Marques, ainda precisam passar por uma dupla checagem - documental e de integridade - para terem a candidatura oficializada.

"O objetivo da candidatura é falar de projetos, compromissos concretos e de próximos passos para que o COB siga avançando no patamar de resultados esportivos e de gestão do esporte olímpico brasileiro de forma sustentável", acrescentou Jucá.

Wanderley publicou na tarde desta sexta uma mensagem nas redes sociais ao lado de Maciel Júnior, em que corrobora o lançamento da candidatura.

"Com a chapa inscrita e ao lado do vice-presidente Alberto Maciel Júnior, firmamos o compromisso de consolidar as conquistas e avançar. Estamos prontos para promover um novo salto sustentável no esporte olímpico brasileiro", escreveu o cartola.

Vice-presidente do COB até o início do ano, quando teve de renunciar ao cargo para poder concorrer nas eleições de outubro, Marco La Porta, que lidera a chapa COB Unido, afirma que a candidatura de Wanderley prejudica a imagem do comitê brasileiro junto à sociedade.

"Acho que é ruim para o COB essa discussão, a imagem do comitê melhorou muito nos últimos anos, a governança, e acho que é ruim trazer isso agora a público e fazer essa discussão sobre a legalidade da chapa, em vez de estarmos falando dos atletas, dos resultados, discutindo novas propostas", diz La Porta à Folha de S.Paulo.