Por Yuri Eiras e Demétrio Vecchioli (Folhapress)
A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), da Promotoria do Distrito Federal, fizeram na terça (5) uma operação no Rio de Janeiro que apura possível manipulação de cartões para beneficiar apostadores esportivos.
O principal investigado é o atacante Bruno Henrique, do Flamengo. Familiares do atleta são suspeitos de terem apostado em um cartão do jogador.
Policiais federais e agentes Gaeco estão no Ninho do Urubu, o Centro de Treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, zona oeste do Rio, para cumprir mandado de busca e apreensão.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Bruno Henrique afirmou que não vai emitir nenhum pronunciamento. O Flamengo também não se manifestou.
Outros 11 mandados estão sendo cumpridos em endereços ligados a Bruno Henrique e familiares, no Rio, em Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
Bruno Henrique é investigado por um cartão amarelo que recebeu aos 50 minutos do segundo tempo da partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023. O jogo foi disputado no Mané Garrincha, em Brasília.
No lance, o então atleta do Santos, Soteldo, está perto da bandeirinha de escanteio e tenta um drible sobre Bruno Henrique. O jogador rubro-negro tenta agarrá-lo e o árbitro marca falta.
A possível manipulação foi apurada a partir de um relatório da Ibia (International Betting Integrity Association) e da Sportradar, que fazem análises de risco do mercado de apostas. A suspeita foi levada à CBF, que comunicou a polícia.
Segundo a PF, no decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas apontaram que as apostas foram efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda em apuração.
A diretoria do clube está reunida para avaliar o caso. Bruno Henrique participaria de um treino na manhã desta terça no Ninho do Urubu e estava em casa no momento em que os agentes chegaram.
O relatório aponta lucros totais de R$ 13.050 em apostas de três casas diferentes para que o jogador tomasse um cartão amarelo contra o Santos.
Um operador teve aproximadamente R$ 6,1 mil de lucro na Betano, outro teve R$ 4,7 mil de lucro na GaleraBet e um terceiro lucrou R$ 3.050 na KTO. O STJD, que analisou e arquivou o caso, considerou os valores "ínfimos" quando comparados ao salário do atleta.
O relatório diz que "os apostadores envolvidos, nas três operadoras de apostas, eram uma combinação de contas recém-registradas (aparentemente para apostar neste resultado) e clientes estabelecidos que aumentaram suas apostas significativamente para apostar neste resultado".
A Sportradar não comentou o caso. Procuradas, a Betano e a GaleraBet não responderam. A reportagem não conseguiu contato com a KTO.