Em um ofício assinado por Rodrigues, o presidente da confederação brasileira eleva o tom das críticas a Alejandro Domínguez, que preside a confederação sul-americana. O principal caso citado pelo dirigente brasileiro para mostrar seu descontentamento com as medidas da Conmebol aconteceu no jogo entre Palmeiras e Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20, quando o jogador Luighi foi vítima de racismo.
"A CBF discorda veementemente da atuação da Conmebol nos casos de racismos e muito menos que a entidade esteja em conformidade com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes ligas, confederações e Fifa", diz trecho do ofício.
No documento diz que a pena aplicada ao clube paraguaio foi "uma sanção inócua, ineficaz e insuficiente diante da gravidade do evento, dos danos irreparáveis causados aos atletas e a reincidência do clube paraguaio".
Como a carta divulgada pelas confederações pela Conmebol tinha a assinatura de Ednaldo, a CBF ainda fez questão de apontar que isso foi feito por um membro do gabinete do dirigente, que teria permitido que ele assinasse porque continha um convite para uma reunião.
Mais do que cobranças à Conmebol, o mandatário da confederação do Brasil sabe que será cobrado por ações práticas para mostrar o comprometimento da CBF com o combate ao racismo, inclusive em jogos no Brasil.
Na semana passada, o Ministério Público Federal abriu uma investigação sobre uma possível omissão da CBF no episódio citado. O inquérito apura uma suposta negligência na defesa do jogador, em ações que não teriam sido tomadas pela CBF, entre elas, pedir acesso à súmula, questionar a interrupção da partida e não contestar a multa de US$ 50 mil (R$ 287 mil), considerada pequena.
A CBF tem dez dias para responder aos questionamentos do MPF, que marcou uma reunião para o dia 28 de março, com o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), o presidente da confederação, além de representantes da entidade JusRacial, autora da representação.
Como a última mudança no estatuto da CBF permitirá que Ednaldo concorra a uma nova reeleição, ele pode estar à frente da entidade máxima do futebol do Brasil até março de 2034, sob a cobrança de sua promessa de combate ao preconceito.