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História embaixo d'água

Äpplet era histórica embarcação-irmã do Vasa | Foto: Reprodução

O Museu de Naufrágios de Vrak anunciou uma de suas mais importantes descobertas arqueológicas da história recente. Especialistas da instituição trabalhavam com a Marinha da Suécia no estreito de Vaxholm, a cerca de 30 km de Estocolmo, quando encontraram as ruínas do Äpplet (maçã), embarcação "irmã" do icônico navio de guerra sueco Vasa.

Os restos do Äpplet foram localizados em dezembro do ano passado, e apesar de partes laterais da embarcação terem se desprendido, o casco estava relativamente bem preservado. O segmento que se soltou tinha duas fileiras de portinholas, indicando se tratar de um navio de guerra do século 17, de estrutura similar à do Vasa.

O histórico navio sueco naufragou em sua viagem inaugural, quando deixava a baía de Estocolmo, em 1629, e só foi erguido do assoalho marítimo mais de três séculos depois, em 1961. Um intenso trabalho de recuperação -98% da estrutura original foi preservada- foi o que motivou a fundação do Museu Vasa, onde a embarcação está exposta.

"Com o Äpplet, podemos fornecer uma peça-chave ao quebra-cabeça em torno do desenvolvimento da construção naval sueca", disse um dos arqueólogos responsáveis pela descoberta, Jim Hansson. "Nos permitirá compreender como outros navios de guerra evoluíram, desde o instável Vasa até o gigante capaz de navegar e controlar o mar Báltico."

Na guerra dos 30 anos -o conflito entre católicos e protestantes que marcou a Europa entre 1618 a 1648-, o Äpplet compunha a frota que partiu da Suécia rumo à Alemanha, com cerca de 900 soldados e outros cem marujos à bordo. Dez anos após o fim da guerra, o navio perdeu as condições de utilização e foi afundado pela Marinha.

De acordo com o museu Vrak, detalhes técnicos, dimensões e amostras de madeira confirmaram a identidade da embarcação, encontrada cerca de 7 metros acima do fundo do mar. As condições para que um barco mantenha sua estrutura de madeira por tão longo período, entretanto, são bastante particulares. No mar Báltico não há cupim-do-mar, um verme xilófago que ataca madeiras submersas. Por isso a arqueologia marítima é tão forte na região: navios naufragados resistem à decomposição por séculos.