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Coppe/UFRJ sugere ações para melhoria no transporte do Rio

Coppe/UFRJ fez sugestões de melhoria da mobilidade no transporte coletivo | Foto: Divulgação

O Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ promoveu um evento sobre o impacto da pandemia de Covid-19 no padrão de deslocamento de usuários do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, reunindo especialistas em mobilidade urbana e representantes de prefeituras e do Governo do Estado. Na ocasião, foram apresentados pela Coppe os dez pontos considerados fundamentais para uma mobilidade urbana eficiente no Município do Rio e em municípios vizinhos, como Niterói e cidades da Baixada Fluminense.

Coordenado pelo professor Glaydston Mattos Ribeiro, da Coppe/UFRJ, o projeto de mapeamento da nova mobilidade urbana foi dividido em três etapas. A primeira envolveu a realização de uma pesquisa de campo com 4.300 entrevistados, para identificar o padrão de deslocamento da população. Em seguida, foi realizado um debate com as empresas operadoras do sistema de transporte público. Na última fase, os pesquisadores da Coppe, com base nos pontos levantados por passageiros e operadores, consultaram iniciativas e trabalhos técnicos de outros países para reunir as principais propostas que possam tornar o transporte coletivo na Região Metropolitana do Rio mais eficiente. E, a partir daí, propor um debate com o poder público, que é o concedente do serviço e responsável constitucional pelo transporte público oferecido à população.

"Os principais pontos de atenção são restaurar a confiança dos usuários nos serviços oferecidos pelas empresas concessionárias; proporcionar menor tempo de viagem e de espera pelo transporte; oferecer rotas com poucas transferências e alta frequência; ter em operação veículos não poluentes e sustentáveis sob o ponto de vista ambiental; proporcionar tarifas acessíveis aos usuários, por meio de subsídios; o poder público investir continuamente em infraestrutura, como melhores pistas e pontos de ônibus com mais qualidade, entre outros", destacou o professor Glaydston Ribeiro, da Coppe/UFRJ.

A criação de pedágios urbanos, que reduzam a circulação de veículos particulares em áreas centrais e mais movimentadas, a utilização de tecnologias que melhorem a comunicação com o usuário, a implementação de um sistema de integração mais eficiente e a coordenação do transporte público por meio de uma Autoridade Metropolitana de Transporte foram outras propostas abordadas no evento.

A década do
transporte público

A diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, destacou que o sistema de transporte público no Estado do Rio de Janeiro vem encolhendo desde 2014, não sendo uma consequência exclusiva da pandemia.

"Nos últimos dez anos, mais de 40% dos passageiros pagantes deixaram de utilizar o sistema de ônibus, levando ao fechamento de 30 empresas e à redução de 44,5% no número de rodoviários empregados", explicou Richelle.

A pesquisa desenvolvida pela Coppe/UFRJ revelou que 14% dos entrevistados migraram do transporte público para o transporte individual, seja pelo uso de carros particulares ou de veículos solicitados por meio de aplicativos. Em municípios da Baixada Fluminense, como São João de Meriti e Mesquita, a mudança atingiu mais de 37% dos passageiros consultados. Para os pesquisadores da Coppe/UFRJ, ficou nítida a necessidade da oferta de um transporte mais qualificado e eficiente, principalmente em relação à redução do tempo de viagem e ao conforto oferecido aos passageiros. Entretanto, isso só será possível com a participação direta, efetiva e constante do poder público, que é responsável, por exemplo, pela criação de corredores de BRS (que reduz o tempo de viagem) e a construção e manutenção de pontos de ônibus, entre outras ações de infraestrutura que servem ao sistema de transporte público.

A partir da demanda por melhorias, a diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, reforçou a ideia de que a qualificação do sistema de transporte deve ser acompanhada por investimentos para tornar as cidades mais acessíveis:

"Não existe um sistema de transporte de qualidade sem que se tenha uma cidade com a infraestrutura adequada. Isso é um trabalho em conjunto. Não adianta ter um sistema novo se a cidade não está preparada para suprir as demandas da população, que busca rapidez e conforto em seus deslocamentos. Os passageiros querem ter tempo para fazer todas as suas atividades diárias", lembra Richele.

O evento da Coppe/UFRJ, realizado na Associação Comercial do Rio, foi encerrado com uma mesa-redonda entre os participantes, que discutiram os problemas e os avanços no transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O debate contou com Fábio Damasceno, secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo; Simone Costa, da Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro (que representou a secretária Maína Celidônio); Renato Barandier, secretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói; e José Roberto de Lima, diretor do Detro-RJ. A mediação foi feita pelo professor Glaydston Ribeiro, da Coppe/UFRJ.