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Instituto do Cerébro faz pesquisa para combater o câncer

O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) - única unidade pública especializada em neurocirurgia do Brasil - está realizando pesquisa pioneira que reproduz células vivas de tumor cerebral, em busca de um caminho mais eficaz para o combate ao câncer. O estudo inovador no Brasil é liderado por cientistas do Instituto do Rio de Janeiro, em parceria com pesquisadores da Universidade de Paris VI, na França. A pesquisa é incentivada pelo Governo do Estado, que investiu cerca de R$ 20 milhões na ampliação da unidade. Somente este ano, o hospital realizou 10 mil atendimentos a pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS).

"O Instituto Estadual do Cérebro é referência nacional. É um orgulho ter na nossa rede um hospital que atende com excelência a população e ainda se dedica à pesquisa científica. Isso é fruto do investimento do Governo do Estado. Com a construção das enfermarias no prédio anexo, no ano passado, a unidade dobrou a quantidade de pacientes atendidos. São vidas que estão sendo salvas. Nossas pesquisas deixam um legado para a ciência, extrapolando as barreiras do estado, tendo destaque internacional", declarou o governador Cláudio Castro.

Na pesquisa, é realizada a retirada de uma pequena parte do câncer (glioblastoma), um tipo bastante agressivo e responsável por boa parte das mortes por esse tipo de doença. Um processo de cultura, em estufa sob agitação, leva à clonagem do tumor vivo - exatamente igual ao que estava no paciente. A técnica facilita a análise de cada parte da célula cancerígena, permitindo que se avalie a melhor maneira de combater a doença.

O diretor-científico do IEC e doutor em neurobiologia, Vivaldo Neto, explica que estudar cada célula do tumor maligno - além de o conjunto de células e moléculas que são recrutadas ou liberadas pelas células tumorais - dará agilidade para a cura do câncer. Os testes de reprodução já começaram a ser realizados em cobaias.

"Conseguimos separar as células que queremos trabalhar. Tratando a célula de maneira isolada, podemos atacá-la e descobrir qual irá morrer, com o ataque de um vírus ou com o medicamento mais efetivo para combater o tumor", explicou Neto.

O IEC realiza pesquisas em diversas frentes, como a que testa o uso do vírus da Zika no combate a células de tumor. Também está em estudo a constatação da presença de microRNA em pacientes com epilepsia medicamentosa resistente.

O número de consultas ambulatoriais no IEC, localizado no Centro do Rio, bateu recorde nos primeiros cinco meses de 2024, com mais de 10 mil pacientes atendidos. O número é cerca de 80% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

A direção explica que o aumento no número de atendimento ocorreu após a ampliação. A unidade ganhou nova UTI pediátrica, enfermarias, ginásio de reabilitação com uma casa funcional, brinquedoteca, além de equipamentos de ponta.

"A partir de setembro, os pacientes de oncologia vão passar pela quimioterapia e radioterapia dentro do próprio hospital, acelerando o tratamento", disse o diretor-geral do IEC, André Gil.