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Há 50 anos, a união entre o Rio de Janeiro e a Guanabara

Ponte Rio-Niterói foi o primeiro marco para a reunificação do Rio com o resto do estado | Foto: Governo Federal

A criação de Brasília fez o Rio de Janeiro perder o status de capital do país. Mais do que isso: obrigou um desmembramento da antiga capital federal com o estado do Rio de Janeiro, criando o então estado da Guanabara. Foram 15 anos assim, até que Ernesto Geisel, então presidente da República, conseguiu a façanha de juntar os dois estados novamente.

A condição desse estado permitiu que a Guanabara, mesmo depois de perder verbas federais com a transferência da capital federal para Brasília, desfrutasse de uma elevada receita per capita de dupla arrecadação com os impostos municipais e estaduais, o que lhe possibilitou o financiamento do grande número de obras públicas realizadas durante a década de 1960. Era um estado rico, ao contrário do vizinho estado do Rio de Janeiro, que era pobre, com uma economia que se esvaziava desde 1927 mesmo com a industrialização ocorrendo no eixo Rio-São Paulo.

Ernesto Geisel, presidente do Brasil em 1974, assinou sem solenidade no dia 1° de julho a lei que uniu os estados do Rio de Janeiro e da Guanabara.

Quarto presidente do regime militar, que assumira em março de 1974, Geisel tinha a fusão dos estados como pauta pessoal, mas não conseguiu preparar uma cerimônia em Brasília.

O estado da Guanabara tinha apenas um município, a própria cidade do Rio de Janeiro, ex-capital federal —e certa crise existencial por perder a capital para Brasília. O estado do Rio de Janeiro era formado por 64 municípios, e a capital era Niterói.

Apenas 11 dias antes de Geisel tomar posse, Emílio Garrastazu Médici inaugurara a ponte Rio-Niterói, ligando as duas capitais. Era um sinal para a fusão.

A fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro foi decretada há 50 anos em rápida manobra política. Pela lei, a partir de março de 1975, os dois estados, com cerca de 4 milhões de habitantes cada um, seriam um só, unificando orçamentos, polícias, tribunais de Justiça, servidores e Assembleias Legislativas.

Um governador nomeado pelo presidente da República comandaria por quatro anos o novo estado. O escolhido foi Floriano Peixoto Faria Lima (Arena), ex-presidente da Petrobras, oficial da Marinha e aprovado pela cúpula das Forças Armadas.

O debate sobre a fusão ganhou força no final da década de 1960, através de relatórios da Fieg (Federação das Indústrias da Guanabara). A Guanabara tinha arrecadação três vezes maior do que o Rio de Janeiro.

Especialistas e políticos da época dizem que o objetivo de unir os dois estados era impor à cidade do Rio de Janeiro o estilo administrativo do regime militar. Apesar da ditadura, a Guanabara tinha, segundo políticos da época, debates mais avançados do que o vizinho Rio de Janeiro.

Com colaboração de Yuri Eiras (Folhapress)