Por: Cláudio Magnavita*

O contrabando das canetinhas que virou febre entre políticos e empresários

Homem foi detido com o medicamento no aeroporto de Salvador | Foto: Receita Federal

A febre do Mounjaro, a "canetinha mágica" que tem esculpido o corpo da elite brasileira, especialmente da classe política, criou um perigoso mercado paralelo que está fazendo a festa dos contrabandistas, pelo alto valor agregado das canetinhas. A turma da Alfândega da Receita Federal em Salvador (que tem sido referência nacional pela sua atuação eficaz) usou os métodos de inteligência, realizando esta semana a apreensão de 100 canetinhas do milagroso remédio, que estava sendo trazido ao Brasil amarrado no corpo de um passageiro da Air France, que pousou na capital baiana.

Macaque in the trees
As 'canetas' de Mounjaro estavam escondidas na perna do rapaz preso pela turma da Alfândega da Receita Federal, em Salvador | Foto: Receita Federal

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Homem foi detido com o medicamento no aeroporto de Salvador | Foto: Receita Federal

O valor de mercado das canetinhas, somadas, ultrapassam 120 mil dólares (quase R$ 1 milhão de reais) e, comercializadas, podem gerar um lucro milionário equivalente. Só que este meio de transporte tem um agravante: elas são trazidas sem refrigeração e no calor corporal de 35,5ºC durante um período superior a 24 horas, o medicamento perde a sua eficácia. A febre é tão intensa que ninguém se preocupa com a forma que as canetinhas chegam ao país.

A operação em Salvador utilizou métodos de inteligência que utilizam ferramentas que avaliam o perfil de cada passageiro, frequência de viagem, renda, patrimônio e até quem senta ao seu lado nas aeronaves. Os auditores da Receita, mesmo em estado de paralisação, pela forma que o Governo Federal vem honrando os acordos salariais, se mantiveram vigilantes e realizaram a emblemática apreensão.

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Valor de mercado dos produtos detidos ultrapassa U$S 120 mil, quase R$ 1 milhão | Foto: Fotos Receita Federal

O Mounjaro vem sendo usado por políticos. No Rio, tanto o governador como o prefeito da capital utilizaram a canetinha com efeitos no visual, cada vez mais jovens. No quinto andar do Guanabara e no primeiro escalão do estado a turma eliminou, juntas, arrobas de gordura. Se tivesse uma foto do secretariado antes e depois dos efeitos mágicos das injeções a diferença salta aos olhos.

Em Brasília o fenômeno se repete. Políticos chegam a viajar para os Estados Unidos só para comprar e trazer suas canetinhas sem bolsas térmicas. Na Flórida, as farmácias só vendem se a receita de um médico brasileiro estiver chancelada por um colega americano. Já tem uma indústria de validação de receitas, vendidas entre 50 a 100 dólares.

Vejam as fotos da apreensão realizada na capital baiana. Uma carga de R$ 1 milhão de reais presa ao corpo de um rapaz de Vitória da Conquista, que recebeu o Mounjaro em Londres, voou para Paris, e de lá para Salvador. Parabéns à Alfândega baiana que transformou o porto e aeroporto de Salvador no terror dos contrabandistas.

*Diretor de Redação do Correio da Manhã