Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Filme sobre os Mamonas Assassinas pega a estrada dos blockbusters e Brasília Amarela vale ouro

Famoso na dramaturgia televisiva, Carlos Lombardi assina o roteiro da cinebiografia dos Mamonas Assassinas | Foto: Divulgação

Entre os dias 28 de dezembro a 7 de janeiro, "Mamonas Assassinas: O Filme" contabilizou meio milhão de ingressos vendidos, provando que as cinebiografias musicais são a maior diversão, vide o êxito de "Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha", que foi a maior arrecadação do Brasil em 2023.

Atualmente, a força de duas das maiores comediantes do país, Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, leva o hilário "Minha Irmã e Eu" à ribalta da consagração popular, ao vender 750 mil ingressos em cerca de dez dias. É uma vitória para a cineasta Susana Garcia (que vem do fenômeno "Minha Mãe É Uma Peça 3" (2019).

Mas os Mamonas estão ali juntinho, a somar uma legião de fãs, e carregam nos créditos de sua dramaturgia uma grife da TV Carlos Lombadi. São dele sucessos da teledramaturgia como "Uga Uga" (2000), "O Quinto dos Infernos" (2002) e "Kubanacan" (2003).

Dirigida por Edson Spinello e produzido pela Total Entertainment (a mesma de "Se Eu Fosse Você"), a biopic dos Mamonas vasculha a dimensão heroica de uma turma de músicos de Garulhos: Dinho (vocal), Júlio Rasec (teclado, percussão e vocais), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo) e Sérgio Reoli (bateria).

"A ideia não foi minha. Marcelo Silva, diretor artístico da Record, propôs que eu escrevesse uma minissérie inspirada na história dos Mamonas", lembra Lombardi. "Não é documentário, é uma ficção inspirada na realidade. O que me atraiu não foi o sucesso dos Mamonas, mas, o fato de eles serem pessoas comuns. Eram inteligentes, talentosos, mas, comuns, correndo atrás do dinheiro que era difícil. Eu me identifiquei um pouco com eles, com a pouca grana, com o fato de eles serem comuns. Na primeira tentativa de sucesso quebraram a cara. Na segunda explodiram".

Não há como falar dos Mamonas sem falar da década de 1990, quando Lombardi explodiu com "Quatro Por Quatro" (1994) e "Perigosas Peruas" (1992). Aquela foi a era de ouro do funk nas rádios de todo o Brasil. Especialmente, o ano de 1995, que começou no embalo do programa "Big Mix RPC", onde desaguavam as rimas das favelas. Mas a massa funkeira não foi a única a brilhar. O país parou ao ouvir um conjunto egresso de Guarulhos, em São Paulo. Esse som alternativo ofereceu um outro (e irreverente) diapasão para a música brasileira ao apostar num estilo abusado de crônica de costumes. Para a juventude brasileira dos anos 1990, saída do Impeachment do presidente Fernando Collor de Mello e assolada pela chegada de uma nova moeda (o Real), letras como "Money/ Que é good nóis no have/ Se nóis hevasse nóis num tava aqui playando/ Mas nóis precisa de worká" abriram uma perspectiva bem-humorada sobre os dilemas de lutas de classe. Da forma bem similar, os versos "você, minha pitchula/ Me deixou legalzão/ Não me sintcho sozinho/Você é meu chuchuzinho" serviram de hino amoroso. Suas estrofes alimentaram os hormônios de uma molecada cheia das espinhas da adolescência no rosto, sem uma moedinha no bolso, deixando-a expressar suas inquietações românticas. Foram os Mamonas Assassinas, banda que durou cerca um ano, bombando em popularidade, até ser interrompida por um desastre aéreo. Seus integrantes morreram, mas uma mítica nasceu naquele momento. A gênese desse mito virou um filme comovente, capaz de consagrar o desempenho avassalador do ator Ruy Brissac, intérprete do vocalista Dinho.

"Minha grande preocupação escrevendo essa saga era manter em primeiro plano a humanidade dos rapazes. Ela foi o motor do sucesso deles. Suas músicas dialogavam com o público porque eram honestas e divertidas", conta Lombardi. "Primeiro escrevi uma minissérie encomendada pela Record. Com Walkíria Barbosa assumindo a produção, foi encomendada para mim uma segunda versão da mesma história, para o cinema. Ambos os trabalhos foram rodados ao mesmo tempo".

A boa acolhida do filme na telona, eleva o interesse do cinema pelo autor. "Como todo mundo do meu mercado, estou desenvolvendo projetos para oferecer", diz Lombardi, acerca do futuro.

A fila de potenciais sucessos brasileiros caminha agora com "Nosso Lar 2 - Os Mensageiros", com Renato Prieto e Edson Celulari, previsto para o fim do mês.

 

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