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Macron abre 15 pontos sobre Le Pen na França e recebe apoio de líderes europeus

| Foto: Reprodução

Conforme o segundo turno se aproxima na França, o presidente Emmanuel Macron abre cada vez mais vantagem sobre sua rival, Marine Le Pen. O candidato à reeleição ainda recebeu o endosso de três líderes europeus da vizinhança, em uma mobilização para demonstrar oposição à ultradireitista.

Pesquisa Ipsos divulgada nesta quinta-feira (21) mostrou que a diferença entre as intenções de voto dos rivais já chega a 15 pontos. Um dia depois do único debate realizado entre os candidatos, o mandatário alcançou 57,5%, contra 42,5% de Le Pen. A três dias de os franceses irem às urnas, no domingo (24), quase 90% dos entrevistados dizem que sua escolha já está definida.

Macron também aparece à frente no levantamento do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), ainda que com vantagem menor –o balanço desta quinta dá 55,5% para o atual presidente e 44,5% para a ultradireitista. O mandatário, porém, vem ganhando terreno desde o primeiro turno. No dia 11 de abril, dia seguinte ao pleito, o placar mostrava 52,5% para ele, contra 47,5% de Le Pen.

Ainda nesta quinta, três líderes europeus formalizaram o apoio ao atual presidente em um artigo publicado no jornal francês Le Monde. Os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, Espanha, Pedro Sánchez, e Alemanha, Olaf Scholz, se pronunciaram dizendo que o pleito "não é uma eleição como as outras".

Depois de apontar que a Guerra da Ucrânia iniciada pelo russo Vladimir Putin mira os valores que a França e seus países defendem ("a democracia, a soberania, a liberdade e o Estado de direito"), eles afirmam que os populistas da ultradireita em seus respectivos países fizeram do russo "um modelo ideológico e político".

Macron, aliás, usou as relações de Le Pen com o chefe do Kremlin para atacá-la no debate desta quarta, dizendo que a rival "depende do poder de Putin", por causa de um empréstimo que seu partido fez em um banco russo em 2014.

"Nós não devemos esquecer, mesmo que esses políticos tentem hoje se distanciar do agressor russo", escreveram no artigo os líderes europeus –os três conviveram com o espectro da ultradireita nos pleitos que venceram.

Costa, Sánchez e Scholz defendem que a França "está no coração do projeto europeu" e que a escolha de domingo se dará entre um "candidato democrata, que acredita que a França é mais forte em uma União Europeia poderosa e autônoma, e uma candidata da extrema direita, que está abertamente do lado daqueles que atacam nossa liberdade e nossa democracia".

No debate, Le Pen negou que planeje tirar a França da UE, como defendeu no passado.
"Precisamos da França do nosso lado", escrevem os políticos no Monde. "Uma França que defende nossos valores comuns, em uma Europa na qual nos reconhecemos, que é livre e aberta ao mundo, soberana, forte e generosa. É esta França que está também na cédula de votação de 24 de abril. Esperamos que os cidadãos da República francesa a escolham."

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no primeiro turno havia manifestado apoio a Jean-Luc Mélenchon, foi outro a endossar Macron. Em uma série de tuítes nesta quinta, publicados em português e francês, o petista diz que "o futuro da democracia está em jogo na Europa e no mundo" e pede união "em torno do candidato que melhor encarna os valores democráticos e humanistas", marcando o perfil de Macron na rede.

"É fundamental derrotar a extrema direita e sua mensagem de ódio e preconceito. É o que democratas de diferentes matizes desejam e esperam", escreve o brasileiro.

A missão de Macron agora para assegurar sua vantagem é convencer os franceses a sair para ir às urnas. De acordo com o levantamento do Ipsos, a participação deve ficar entre 71% e 75% –o voto não é obrigatório no país. Caso o prognóstico se confirme, o segundo turno de 2022 pode ter a mais alta abstenção registrada desde 1969, ressalta o instituto.

O desânimo é refletido entre os eleitores do ultraesquerdista Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro turno. De seus apoiadores no primeiro turno ouvidos pelo Ipsos, 48% dizem que não escolheriam nenhum dos dois candidatos; 34% votariam em Macron e 18%, em Le Pen.