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Zelenski discursa no Festival de Cannes, pede glória à Ucrânia e é ovacionado

| Foto: Reprodução

A abertura do Festival de Cannes foi marcada por uma surpresa. Direto de Kiev, Volodimir Zelenski mandou recado lembrando da origem antifascista do evento francês, que surgiu como reposta cultural ao nazifascismo às vésperas da guerra.

O presidente da Ucrânia falou ao vivo por vídeo e, citando "O Grande Ditador", de Charlie Chaplin, disse que o cinema fala sobre a liberdade e que por isso deve ser valorizado.

"Não se desesperem", disse. "Glória à Ucrânia".
Foi ovacionado por uma plateia estrelada que tinha nas fileiras celebridades como a atriz Julianne Moore, o diretor italiano Marco Bellocchio, o ator Édgar Ramirez, entre outros.

Coronel aposentado dribla censura na TV e diz que Rússia está isolada

O analista militar Mikhail Khodaryonok driblou a censura da TV estatal russa e criticou a situação da guerra na Ucrânia. Ele diz que a Rússia está quase totalmente isolada, enquanto a Ucrânia pode mobilizar um milhão de soldados, além de ter o apoio de países do Ocidente.

Khodaryonok é um coronel aposentado e participou do programa 60 Minutos no Rossiva-1, apresentado por Olga Skabeyeva, uma das principais jornalistas pró-Kremlin da televisão.
"Você não deve receber as informações como tranquilizantes", afirmou Mikhail Khodaryonok. "A situação, francamente falando, vai piorar para nós."

Durante a fala, o militar aposentado foi interrompido diversas vezes pela apresentadora.
Na TV estatal, o coronel diz que a Rússia precisa encarar a realidade.

"O principal em nossa área é ter um senso de realismo político-militar: se você for além disso, a realidade da história o atingirá com tanta força que você não saberá o que o atingiu", afirmou. "Não aponte foguetes na direção da Finlândia, pelo amor de Deus. Isso só parece muito engraçado."

“A principal deficiência de nossa posição político-militar é que estamos em plena solidão geopolítica. E, embora não queiramos admitir, praticamente o mundo inteiro está contra nós. Precisamos sair dessa situação”, disse Khodaryonok.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro sob o pretexto de desmilitarizar e desnazificar a região.

Em março, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a operação "acabaria em um instante" se Kiev se rendesse militarmente, mudasse sua Constituição para garantir a não adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ou à União Europeia, reconhecesse a Crimeia anexada em 2014 como russa e as ditas repúblicas separatistas do Donbass, no leste, como independentes.

Nesta semana, Suécia e Finlândia pediram ingresso na Otan -o movimento é decorrente da guerra, que completa nesta terça-feira (17) 83 dias. Os dois países são integrantes da União Europeia, mas historicamente se mantiveram neutros entre o Ocidente e a Rússia.

No entanto, a invasão à Ucrânia os fez repensar seu status de neutralidade, principalmente a Finlândia, que compartilha 1,3 mil quilômetros de fronteira com o território russo. A Suécia vinha se mostrando mais reticente, porém, a adesão finlandesa a tornaria o único país do Mar Báltico fora da Otan.